Clipping Banco Central (2021-03-06)

(Antfer) #1
Saiba como interferências de Bolsonaro enfraquecem o combate à
corrupção

Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Poder
sábado, 6 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - COAF

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Autor: Géssica Brandino e Renata Galf


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Para chegar ao Palácio do Planalto, o então deputado
federal Jair Bolsonaro se vendeu como novo e usou
como bandeira o discurso anticorrupção. No cargo de
presidente, porém, ele age no sentido contrário, para
defender familiares e aliados, tentando interferir na
autonomia de instituições e fazendo uma aliança com
um grupo de políticos que antes condenava. Em recente
entrevista à Folha, o ministro do STF Edson Fachin
afirmou que "há um grave problema da naturalização da
corrupção de agentes administrativos, o que mostra que
a corrupção da democracia está no presente momento
associada às forças invisíveis da grande corrupção".


Após usar o discurso anticorrupção na eleição de 2018,
Jair Bolsonaro defendeu, como presidente, familiares e
aliados, tentou interferir na autonomia de instituições e
fez aliança com o centrão, grupo que antes condenava.


Foi no primeiro ano de mandato que tomou a decisão
que mais impactou a agenda anticorrupção, na
avaliação de especialistas ouvidos pela Folha.

Para eles, apesar de legal, a indicação de Augusto Aras
à Procuradoria-Geral da República, ignorando a lista
tríplice da categoria, feriu a independência que o cargo
demanda.

Crítico à atuação da Lava Jato, Aras travou quedas de
braço com procuradores de Curitiba, até que, em
fevereiro, após um ciclo de desgaste e indícios de
parcialidade, a força-tarefa paranaense foi dissolvida
sem gerar comoção.

Escolhido para o Ministério da Justiça, Sérgio Moro,
símbolo da operação como juiz federal, deixou o
governo acusando o presidente de tentar interferir na
Polícia Federal.

Há uma naturalização da corrupção no país hoje?

Antes mesmo da dissolução da força-tarefa da Lava
Jato em Curitiba, Bolsonaro afirmou que a operação
havia acabado porque "não tem mais corrupção no
governo". Para especialistas da área, a declaração não
tem fundamento.

"É uma demagogia, uma hipocrisia e algo que torna
patente o estelionato eleitoral que ele representa",
afirma Catarina Rochamonte, presidente do Instituto
Liberal do Nordeste e colunista da Folha.

"A corrupção não só não acabou como não vai acabar
nunca. Não acaba em nenhum país no mundo.
Corrupção você controla, é a primeira coisa que você
aprende quando estuda teoria da corrupção",
acrescenta Rita Biason, cientista política e professora
da Unesp, que vê uma estagnação nessa agenda.

O diretor-executivo da ONG Transparência Internacional
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