Mudanças podem afetar Previdência a longo prazo
Banco Central do Brasil
O Globo/Nacional - Economia
domingo, 7 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Ipea
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SÃO PAULO E RIO
A Previdência Social também é afetada pelas mudanças
no mercado de trabalho. Aguinaldo Maciente,
pesquisador do Ipea, lembra que o avanço do trabalho
via plataformas como aplicativos de mobilidade tem o
potencial de ampliar o trabalho informal, o que pode
afetar o equilíbrio das contas da Previdência,
ameaçando os ganhos da reforma aprovada em 2019.
O impacto é tanto para o pagamento atual dos
benefícios, que saem da contribuição de todos os
trabalhadores, como para o futuro, pois esses
profissionais terão mais dificuldade em se aposentar.
- Esse não é um problema apenas do Brasil. Vários
países estão debatendo isso: como estimular a
contribuição previdenciária de pessoas jurídicas, MEI
(microempreendedor individual), trabalhadores por
conta própria. Como fica a situação de pessoas com
renda mais esporádica? - disse Maciente, ressaltando
que sua visão não reflete a do instituto.
O motorista de aplicativo Guilherme Serra, que perdeu o
emprego formal no ano passado, é um exemplo: ele não
está contribuindo para o INSS.
A combinação de transição tecnológica e pandemia
também afeta desproporcionalmente os mais jovens.
Maciente lembra que muitos estão perdendo momentos
importantes de formação educacional e terão dificuldade
para entrar no mercado de trabalho:
- A evolução da educação brasileira não segue a
velocidade da evolução tecnológica, e a pandemia
agravou isso ainda mais, principalmente para os que
estão saindo do ensino médio, técnico ou superior.
Muitos estudos indicam que quando um jovem demora
muito entre terminar seus estudos e conseguir um
trabalho, há danos permanentes em sua trajetória
laborai.
Marcello Mussi, sócio da PwC Brasil, aponta ainda os
impactos comportamentais decorrentes das
transformações tecnológicas. Ele ressalta que questões
como carreiras e incentivos profissionais estão sendo
redefinidas e que as normas trabalhistas terão de ser
atualizadas em todo o mundo.
Mas há quem consiga fazer bem essa transição. A
fotógrafa Débora Nisenbaum, de 28 anos, decidiu
investir na área tecnológica. Na pandemia, começou a
carreira de desenvolvedor de front-end (elaboração da
parte visível de aplicativos e sites). Mas ela sabe que
seu caso é exceção: - Precisar ficar em casa me ajudou
no sentido de que tive tempo disponível para estudar
com mais tranquilidade. Mas estou numa posição
privilegiada. (H.G.B. e B.Y.)
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