Clipping Banco Central (2021-03-07)

(Antfer) #1

Ipea endurece regra para divulgação de estudo e sinaliza com punição


Banco Central do Brasil

O Globo/Nacional - Economia
domingo, 7 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Ipea

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Autor: CASSIA ALMEIDA [email protected]


Funcionários do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) receberam e-mail na última quinta-feira,
que estabelece normas rígidas de publicação e
divulgação dos estudos para a imprensa. O comunicado
diz que "estudos e pesquisas são direito patrimonial do
Ipea, a quem cabe definir o momento e a forma de
divulgação".


O ofício, assinado pelo presidente do Ipea Carlos Von
Doellinger, foi dirigido a todos os diretores do Ipea e
reforça que a desobediência a essas medidas pode
configurar "até infração disciplinar". Ele esclarece que
que estudos e pesquisas só poderão ser divulgados
depois da "aprovação definitiva".


O acesso aos pesquisadores tem sido mais difícil nos
últimos tempos. E os que sempre falaram livremente
pedem que a assessoria de imprensa seja informada
antes da entrevista.Pesquisadores do órgão têm
assinado artigos e entrevista com suas credenciais
acadêmicas, evitando citar a filiação profissional.


FORA DO DEBATE

O pesquisador do Ipea Fernando Gaiger, estudioso de
pobreza e desigualdade, diz que o instituto j á está
ficando fora do debate econômico, calando-se, que há
de fato "um endurecimento". Ele lembra a participação
ativa do Ipea nos debates sobre teto de gastos e
reforma da Previdência.


  • Há um processo de endurecimento que agora chegou
    a nós, por ofício. O Ipea seleciona o que se pode falar.
    Somos uma instituição pública de pesquisa social em
    que um dos papéis é avaliar e subsidiar políticas, ou
    seja, por vezes há que avisar que o rei está nu.


Na última semana, a Controladoria Geral da União
(CGU) abriu processo contra dois professores da
Universidade Federal de Pelotas, por terem feito críticas
ao governo Bolsonaro em redes internas.

Segundo a CGU, a manifestação dos professores fere a
Lei 8.112, que proíbe funcionários públicos de
"promover manifestação de apreço ou desapreço no
recinto da repartição".

Segundo José Celso Pereira Cardoso Júnior, presidente
da Associação dos Funcionários do Ipea, a medida
"afronta a tradição democrática do instituto".


  • Mesmo na ditadura, os servidores do Ipea tinham
    liberdade de confrontar questões. Estamos
    retrocedendo a um nível inacreditável. Isso é assédio
    institucional - afirma Cardoso Júnior, que está prestes a
    soltar uma nota pública contra a medida.


Ele lembra que "todos os estudos tem fundamentação
científica, empírica, teórica".


  • Não se publica pesquisa sem crivo e discussões
    internas. Agora, a presidência vai decidir o que sai e o
    que não sai. O que quando se publica. Pode ser nunca,
    inclusive - diz Cardoso lúnior.

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