Clipping Banco Central (2021-03-07)

(Antfer) #1

MERVAL PEREIRA - Guerra é guerra


Banco Central do Brasil

O Globo/Nacional - Opinião
domingo, 7 de março de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem se
mostrado competente na análise prospectiva de nossa
economia, embora de nada isso lhe valha para evitar os
fracassos que prenuncia. Disse que se fizéssemos
muita besteira, o dólar chegaria a R$ 5. Chegamos a R$
5,53 no fim de semana sem que o ministro tenha
evitado. Recentemente, disse que poderiamos virar uma
Argentina, ou quem sabe uma Venezuela, em poucos
anos, se caminharmos para "o lado errado".


Mais uma vez está certo, e nada indica que consiga
frear essa caminhada célere para o abismo que o
presidente Bolsonaro lidera. Bolsonaro sabe o que eu
penso, eu sei o que ele pensa, disse Guedes durante a
crise gerada pela intervenção presidencial nos preços
da Petrobras. Só nós não sabemos por que Guedes não
sai do governo se não consegue conter os ímpetos
intervencionistas do chefe.


Por que, então, não nos transformamos em um
Paraguai pelo menos por alguns dias, meses, e não
saímos nas ruas até tirarmos Bolsonaro da presidência
da República, cargo que ele não merece exercer pela
falta de compostura, a incapacidade administrativa e,


sobretudo, a impossibilidade de enfrentar a pior
pandemia em um século no Brasil e no mundo?

"Estamos em guerra", anunciou o Secretário de Saúde
de São Paulo, Jean Gorinchteyn. E se estivéssemos em
guerra contra outro país, e não contraum vírus, como
nos comportaríamos tendo à frente um líder como
Bolsonaro, incapaz de oferecer a seus compatriotas
"sangue, suor e lágrimas"?

Logo ele, sujeito de maus bofes, que vive procurando
briga, irritadiço, violento, agressivo. Uma guerra de
ocupação, de conquista ou defensiva, talvez
encontrasse em Bolsonaro um comandante aguerrido,
mas trapalhão, é o que se depreende de ele ter
ameaçado pateticamente os Estados Unidos "com
pólvora" numaimagináriaguerra para proteger a
Amazônia. Capaz, mesmo tecnicamente sóbrio, de
bravatas desastradas como a do general Leopoldo
Galtieri, ditador argentino que, bêbado, declarou guerra
à Inglaterra por causa das Ilhas Malvinas. Assim como
não está preparado para comandar um Exército, pois
falta-lhe bom senso e não concluiu o curso de comando
do Estado-Maior, Bolsonaro também não está
preparado para exercer a Presidência da República,
mas foi eleito e tem sob seu comando vários oficiais
superiores, que não lhe deixariam comandar pelotões
em uma guerra, mas acham que podem ser
comandados por um político medíocre, que já
demonstrou o mal que pode fazer ao país.

Os militares que se subordinam ao capitão o fazem
mais por uma hierarquia militar, que coloca o presidente
como Comandante em Chefe das Forças Armadas, do
que por amor à democracia. Pois o amor à democracia
os obrigaria a abandonar um presidente tresloucado,
que estálevando amorte àpopulaçãobrasileirapor
caprichos, ignorância e cálculo político.

Em uma guerra, a morte é a regra, e, mesmo assim, o
oficial que encaminha seus comandados a atos
manifestamente criminosos, ou a excessos, pode ser
condenado, mesmo em tempo de paz. Galtieri foi
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