Clipping Banco Central (2021-03-07)

(Antfer) #1

Parceria na boleia e no Palácio


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Política
domingo, 7 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Paulo Guedes

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Autor: Renato Souza


A intervenção do presidente Jair Bolsonaro na Petrobras
vinha sendo gestada há pelo menos três semanas antes
de 18 de fevereiro, quando, na live das quintas-feiras,
disse que "algo aconteceria" na estatal. Ele reuniu uma
série de críticas a Roberto Castello Branco, principal
executivo da petroleira, todas remetidas pelos
caminhoneiros, a maior parte cobrando a troca no
comando da estatal, para tomar a drástica decisão. Sob
o risco de perder o apoio em uma categoria com grande
capilaridade e capacidade de mobilização, mostrou a
Paulo Guedes o desgaste que os constantes reajustes
da gasolina e do diesel faziam à sua imagem. E pediu a
cabeça do amigo do ministro da Economia, que a
entregou em uma badeja de prata.


Os caminhoneiros tinham marcado um gol de placa,
sobretudo depois que setores da categoria obrigaram o
governo a se desdobrar para evitar uma greve nacional
que, como em 2018, traria desabastecimento e
derrubaria ainda mais a declinante popularidade de


Bolsonaro. A mais recente pesquisa de opinião sobre o
desempenho do presidente e de seu governo, realizada
pelo Inteligência, Pesquisa e Consultoria (Ipec),
divulgada na última quinta-feira, mostra que 58% dos
entrevistados desaprovam o governo, enquanto 38%
aprovam e 5% não souberam responder. Mais: mesmo
com 28% considerando sua gestão ótima ou boa, 39% a
veem como péssima ou ruim.

Se a intervenção na Petrobras custou à estatal R$ 74,2
bilhões em perda de valor de mercado, em apenas 24h,
para Bolsonaro, valeu a permanência ao seu lado dos
principais setores da categoria, que emparedou o
governo Michel Temer e tracionou a campanha do hoje
presidente. Uma fiel parceria que, na última sexta-feira,
empoderada também pela alíquota zero da PIS-Cofins
sobre o diesel decretada pelo governo federal, decidiu
que podia interditar a Marginal Tietê, em São Paulo, em
protesto contra o fechamento do comércio por ordem do
governador João Doria, desafeto político do chefe do
Executivo.

Em 2018, quase 800 mil profissionais da categoria
adesivaram caminhões, participaram de atos pró-
Bolsonaro e protestaram contra candidaturas da
oposição. Apesar das decepções e insatisfações nos
últimos meses, provocadas, principalmente, pelos
sucessivos aumentos no diesel, o bolsonarismo ainda
se mantém forte entre a classe.

Tanto que representantes da categoria relatam, com
orgulho, não terem barreiras nas negociações com o
governo federal. O assessor-executivo da Confederação
Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA),
Marlon Maues, destaca que as conversas são
permanentes. "Existe um diálogo amplo entre nós e o
governo, por meio do Ministério da Infraestrutura ou o
da Economia, com uma agenda positiva para destravar
as necessidades dos caminhoneiros. Foram várias
conquistas nesses últimos meses. Tudo que está sendo
tratado na questão do diesel está em andamento. Diesel
é insumo: se o preço diminuir, o valor do frete também
diminui", afirma.
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