Clipping Banco Central (2021-03-07)

(Antfer) #1

Politização do combate à pandemia da covid-19


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Brasil
domingo, 7 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Ipea

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Além de induzir parte da sociedade brasileira a
minimizar a crise sanitária vivida, a negação dos fatos
comprovados pela ciência criou uma politização do
combate à pandemia. "Criou-se um ambiente onde você
acreditar ou não acreditar na pandemia passa a ser uma
opção política. Basta ver a briga do presidente Jair
Bolsonaro com o governador de São Paulo, João Doria",
aponta o diretor-geral do Centro de Estudos e
Pesquisas de Direito Sanitário (Cepedisa) e professor
titular do Departamento de Política, Gestão e Saúde da
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São
Paulo (USP), Fernando Aith.


O resultado do descompasso, combinado com os
efeitos da politização, trouxe um novo agravamento da
pandemia, como revela estudo divulgado pelo Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no início do
mês. "Se União, estados, Distrito Federal e municípios
estivessem trabalhando de forma coesa, com objetivos
e estratégias alinhados, o Brasil estaria em outra
situação, com ações coordenadas nacionalmente",
comenta o coordenador-geral de pesquisa em questões
regionais, urbanas e ambientais do Ipea, Bolívar Pêgo.


Os impactos negativos, no entanto, não podem ser
atribuídos exclusivamente à esfera federal, uma vez que
"estados e municípios também passaram a ceder diante
da pressão de vários segmentos econômicos pela
reabertura", ressalta o técnico do Ipea. A desarticulação
interfederativa, de acordo com a análise, fez com que o
país se transformasse em "verdadeiro laboratório de
testagem das estratégias protocolares", cujos efeitos
trouxeram prejuízos, especialmente para as camadas
mais vulneráveis da sociedade.

Diante dos erros e suas consequências, o Brasil obteve
o pior desempenho no enfrentamento à covid entre um
grupo de 98 países mais afetados pela pandemia no
mundo. A análise foi feita pelo centro de debates e
estudos, Lowy Institute, da Austrália, baseando-se em
indicadores como taxa de contágio, oferta de testes,
realização de diagnóstico, total de casos e mortes pela
doença e proporção populacional.

De zero a 100, a nota mais baixa foi a brasileira: 4,3. A
Nova Zelândia, que obteve a melhor colocação, pontuou
94,4. "Juntos, esses indicadores apontam quão bem ou
mal os países administraram a pandemia", diz o
relatório, que compilou dados ao longo de nove meses,
a partir do centésimo caso confirmado no país.

"Gripezinha"

A má administração traduzida em números pelo Lowy
Institute foi exemplificada de outra maneira pela
organização não governamental Human Rights Watch.
No relatório anual, que destaca questões raciais,
ambientais, socioeconômicas e culturais com o objetivo
de revisar os direitos humanos ao redor do mundo, a
instituição enumera ações e condutas do líder brasileiro
que influenciaram no resultado negativo do
enfrentamento ao novo coronavírus.

"O presidente Bolsonaro minimizou a covid-19, a qual
chamou de gripezinha; recusou-se a adotar medidas
para proteger a si mesmo e as pessoas ao seu redor;
disseminou informações equivocadas; e tentou impedir
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