Clipping Banco Central (2021-03-07)

(Antfer) #1

J. R. GUZZO - Dobrando a aposta


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Política
domingo, 7 de março de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Eis aí o Estado de São Paulo de volta à fase de
restrições radicais por conta da covid - e é bom ir dando
graças a Deus, segundo indicam as "autoridades locais"
que receberam do STF a incumbência de gerir a
epidemia sem interferências de cima ou dos lados.
Como acaba de dizer o gestor-chefe do Alto
Comissariado que decide hoje em dia o que o cidadão
pode ou não pode fazer na sua vida, a atual "fase
vermelha" da quarentena talvez não seja suficiente para
satisfazer o grau de paralisia da sociedade que acham
satisfatório; já ameaçou com a adoção de uma "fase
preta", na qual querem proibir ainda mais coisas. Quais?
Nem eles sabem direito. Só dizem que vai ficar pior.


Permanecem de pé, enquanto eles distribuem as suas
ordens, duas questões essenciais. A primeira é: para
que tudo isso? Nunca se adotaram medidas de
intervenção nas liberdades individuais e públicas mais
extremas que as de agora. Ao mesmo tempo, nunca
morreu tanta gente - quase 260 mil pessoas, segundo
os critérios que definem o que é morte por covid e
segundo os últimos números publicados pela imprensa.
Obviamente, pela observação objetiva dos fatos que
estão à vista de todos, o "fique em casa" não deu certo -


se tivesse dado, a quantidade de mortos e de infectados
estaria diminuindo, e não aumentando. Tudo o que se
diz em defesa do fechamento é a mesma coisa que vem
sendo dita desde o começo: seria pior se não fosse
assim. Quanto pior? Aí cada um diz o que quer. Haveria
3 milhões de mortos etc. etc. etc. Ou seja: acreditem em
mim, façam "home office" e chamem o motoboy para o
"delivery".

A segunda questão é igualmente simples: depois de um
ano inteiro de gestão exclusiva da covid (na prática, as
decisões locais não podem ser mudadas por decisões
superiores) e de gastarem dezenas de bilhões de reais
em dinheiro tirado do público, o que as autoridades que
trataram da epidemia têm para mostrar em seu favor?
Nesse período o cidadão foi governado por decretos-leis
e a Constituição foi sistematicamente desrespeitada.
Uma recessão que fez a economia recuar mais 4% em
2020 destruiu empregos, liquidou empresas e arruinou
as vidas de milhões de brasileiros. Num país
desesperadamente atrasado na educação de suas
crianças e jovens, a maioria das escolas está fechada
há um ano. Em troca de tudo isso, o que se tem são 260
mil mortos e a constatação de que o sistema público de
hospitais está em colapso segundo os próprios
responsáveis diretos pelo seu funcionamento.

As coisas estão assim, dizem eles, porque o número de
casos aumentou demais. Mas não é justamente para
isso, para resolver emergências extremas, que
receberam esses poderes todos e estão aí fazendo o
que bem entendem desde março de 2020? Não foi para
tratar exclusivamente da covid que Estados e
municípios receberam, ao longo deste último ano, R$ 35
bilhões em verbas federais? Com esse dinheiro o Brasil
poderia ter hoje 250 mil leitos de UTI; tem menos de um
terço disso. Quando apresentados a qualquer desses
fatos, os comissários da covid ficam impacientes: dizem
que é tudo "negacionismo" e encerram a conversa. Não
muda nada o fracasso continua do mesmo tamanho, e
daí eles dobram a aposta.

O fato é que os gestores da epidemia não sofrem as
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