Paraguai em crise por gestão da covid
Banco Central do Brasil
Correio Braziliense/Nacional - Mundo
domingo, 7 de março de 2021
Banco Central - Perfil 2 - Gestão Pública
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Autor: Norberto Duarte/AFP
No segundo dia de protestos em Assunção, o
presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, destituiu
três ministros, na tentativa de conter a ira da população.
O mandatário, que, mais cedo, havia pedido que os
integrantes do Gabinete colocassem os cargos à
disposição, anunciou na noite de ontem a demissão de
Eduardo Petta (Educação), Ernesto Villamayor (chefe
de Gabinete) e Nilda Romero (Mulher). Com média de
1.173 casos novos de covid-19 na semana passada, o
país está em crise. A população reclama da forma como
o governo administra a pandemia: faltam
medicamentos, vacinas e vagas nas UTIs, em meio a
denúncias de corrupção. O ministro da Saúde, Julio
Mazzoleni, renunciou na última sexta-feira, quando
confrontos entre manifestantes e policiais deixaram 21
feridos e um morto.
Ontem, nas ruas da capital, jovens carregavam cartazes
com dizeres como "Não mais presidentes corruptos" e
denunciavam a violência policial do dia anterior. Em um
comunicado, a Igreja Católica paraguaia pediu que o
governo atendesse os anseios dos manifestantes.
"Pedimos que se escute a legítima indignação da
população (...). Os cidadãos pedem gestos, ações e,
sobretudo, resultados na gestão pública com a
provisão de equipamentos, insumos e medicamentos
necessários para fazer frente às necessidades
prioritárias da população afetada pela enfermidade", diz
o texto, assinado pela Conferência Episcopal.
Com 7 milhões de habitantes, o Paraguai registra 3,2
mil mortes por covid, o equivalente a 23 óbitos por 100
mil. Ontem, o jornal mais influente do país, o ABC,
publicou um duro editorial criticando o governo. "O Dr.
Mazzoleni, que acreditamos ser uma pessoa honesta,
foi derrotado pelos velhos flagelos da administração
pública: a corrupção e a ineficiência são tão letais
quanto a covid-19". O texto também fala em "ineficácia
e corrupção" e cita "negligência e incapacidade" para
explicar o atraso do país em adquirir vacinas.
A oposição pede a renúncia de Benítez e do vice, Hugo
Velázquez, para que o presidente do Congresso, Oscar
Salomón, assuma o governo e convoque eleições. "O
presidente pede paz, pede calma entre os paraguaios.
O presidente respeita as manifestações pacíficas", disse
o ministro da Tecnologia da Informação e Comunicação,
Juan Manuel Brunetti, citado pelo ABC.
Ontem, o governo chileno doou 20 mil doses da vacina
chinesa Coronavac ao Paraguai. A remessa foi recebida
no Aeroporto Internacional de Assunção pelo novo
ministro da Saúde, Júlio Borba, e pelo chanceler
Euclides Acevedo. Os imunizantes são destinados a 10
mil profissionais de saúde, e são a segunda remessa do
Chile, que já havia doado 4 mil doses da russa Sputnik
V, também para médicos, enfermeiros e outros
trabalhadores da área.
Relatório
No vizinho Peru, o governo também enfrenta críticas da
população e da oposição devido à gestão da pandemia.