Clipping Banco Central (2021-03-07)

(Antfer) #1

ELIANE CANTANHÊDE - Em guerra


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Política
domingo, 7 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Reforma da Previdência

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Era uma vez um país chamado Brasil, que atraía a
curiosidade do mundo pela trajetória de
redemocratização, combate à inflação, modernização e
enfrentamento frontal das suas mazelas históricas. Um
país que, nesse processo, degrau por degrau, chegou a
superar o Reino Unido como sexta maior economia no
final de 2011. Foi fugaz. Desde então, o Brasil anda
para trás em todas as direções e virou um pária
internacional.


Dilma Rousseff, um desastre, deixou recessão e
escombros. Michel Temer, que tentou recolocar as
coisas nos trilhos, foi atropelado por Rodrigo Janot-J&F.
Jair Bolsonaro, um retrocesso, foi potencializado pela
pandemia. E aqui chegamos. O Brasil nem está mais
entre as dez maiores economias do mundo. O sonho
virou pesadelo.


Para o compreensivelmente otimista Paulo Guedes,
está tudo muito bem, o desempenho brasileiro na
economia é equivalente ao de EUA, China e Coreia do
Sul. E, afinal, uma queda de 4,1% no PIB em 2020,
primeiro ano da pandemia, que não tem prazo para
terminar, nem é um tombo tão doído assim. Ok.


Nas redes bolsonaristas, moços bem falantes usam
velhas técnicas de propaganda para vender que o Brasil
está no melhor dos mundos: uma profusão estonteante
de números. Nós, leigos, caímos como patinhos. O
problema são os chatos, como Persio Arida, Armínio
Fraga, Henrique Meirelles, que não têm nada de leigos,
não ficam tontos à toa, mantêm a racionalidade. E
dizem que não é bem assim.

É verdade que o governo cumpriu as leis do Congresso
e providenciou os bilhões de reais do auxílio
emergencial para cidadãos visíveis e invisíveis, Estados
e Municípios e empresas encalacradas e demitindo em
massa. Em consequência, a queda de 4,1% foi bem
menor do que se previa no País e fora dele.

Numa situação de calamidade, porém, a avaliação de
perdas e ganhos, derrotas e vitórias, não pode ser em
cima de um único indicador, o PIB, por exemplo, nem de
uma montanha de números bolsonaristas. A sério, há
duas frentes a serem analisadas.

Uma é que Temer havia retomado a trajetória positiva
do PIB, apesar de modestamente, e a pergunta de
economistas e leigos é por que a economia não engatou
uma segunda e retomou seu potencial em 2019?
Condições favoráveis, um presidente recém eleito e
com gás político, boa vontade do mercado, reforma da
Previdência. Logo, algo já ia mal, e com a renda per
capita estagnada, antes do coronavírus.

O início de 2020 indicava crescimento no mundo todo e,
lógico, no Brasil, mas veio a pandemia. Aí, como alerta
Persio Arida, a performance dos países tem de ser
olhada por três indicadores: PIB, dívida pública, número
de mortos. "Países que aumentaram menos a dívida
tiveram quedas maiores do PIB, mas vão crescer mais à
frente. Países que tiveram menos mortos levaram o
lockdown a sério e registraram maiores quedas do PIB".

E o Brasil? O PIB teve uma queda relativamente menor,
mas o País aumentou muito a dívida e está entre os três
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