Clipping Banco Central (2021-03-07)

(Antfer) #1

Preço da carne puxa inflação de consumidor de menor renda


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
domingo, 7 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - IPCA

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A conta da inflação dos alimentos é mais alta para os
brasileiros de menor renda. Nos últimos 12 meses
encerrados em fevereiro, a inflação do chamado prato
feito dos mais pobres preparado em casa - e que leva
arroz, feijão, batata, tomate, carne de segunda e óleo de
soja subiu quase 40%. No mesmo período, entre
fevereiro 2020 e fevereiro deste ano, o prato feito dos
mais ricos, onde a única diferença é a substituição da
carne de segunda pela de primeira (o filé mignon), teve
alta de 31,6%. O diferencial foi a inflação da carne. O
corte de segunda subiu 35% no período e o de primeira,
26,9%.O índice é elaborado pela consultoria GFK, que
audita as vendas no varejo.


"O pobre, que tem menos renda disponível para
comprar comida, é o que mais sofre com os efeitos do
aumento das commodities no mercado internacional",
afirma o diretor da consultoria e responsável pelo
indicador, Fernando Baialuna. Ele diz que ficou surpreso
com a grande diferença de custo, praticamente, da
mesma refeição e destaca que arrancada maior na
inflação do prato feito ocorreu no ano passado.


Baialuna ressalta, no entanto, que a enorme diferença


entre o custo da alimentação das camadas de menor e
maior renda é nítida quando se avalia um período mais
longo. Entre janeiro de 2019, quando o indicador
começou a ser apurado e fevereiro deste ano, o custo
do prato feito dos mais pobres subiu 70% e o dos mais
ricos, 48%.

O preço da carne bovina, que disparou por causa da
forte demanda externa e da alta do dólar nos últimos
meses, chegou no prato da diarista Roseli de Andrade
Pereira, de 58 anos. "Carne agora é, no máximo, duas
vezes na semana e de segunda." Também está optando
pela linguiça e os ovos, no lugar da carne, para reduzir
gastos.

Roseli viu sua renda despencar por conta da pandemia
e teve de recorrer ao auxílio emergencial para se
manter. Até dezembro, quando ainda recebia o
benefício, conseguia fazer uma compra regular no
supermercado. Mas, nos dois primeiros meses deste
ano, sem o auxílio e sem retomar a totalidade das
faxinas que fazia, só está repondo o que falta na
dispensa. "A gente nem faz mais mercado como antes",
reclama.

A economista Maria Andréia Parente Lameiras, técnica
de planejamento e pesquisadora do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), diz que a situação
da população mais pobre piorou muito nos dois
primeiros meses deste ano. "Eles estão se deparando
com o aumento da inflação e sem o auxílio
emergencial."

No ano passado, quando a inflação de alimentos
consumidos no domicílio acumulou alta de 18%,
segundo o índice oficial de inflação, o IPCA, havia uma
renda extra, o auxílio emergencial, que suportava esse
aumento de preços.

Na inflação oficial de janeiro, o último dado disponível,
que foi de 0,25%, a alimentação respondeu por quase a
totalidade do aumento, isto é, 0,22 ponto porcentual.
Maria Andréia diz que a expectativa é de que a inflação
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