Clipping Banco Central (2021-03-07)

(Antfer) #1

JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS - Totalmente sem rumo


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
domingo, 7 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

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Autor: JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS


Estamos perdidos no meio de uma tempestade. Antes
de tudo, pelo que aconteceu no ano passado. Desde
que a pandemia mostrou sua força, mergulhamos numa
crise humanitária, com elevado sofrimento e número de
mortos, que nos jogou numa forte recessão.


Pior que tudo, o negacionismo do presidente da
República e a explosiva mistura de arrogância e
incompetência de seu terceiro ministro da Saúde
tornaram as coisas mais difíceis, com apelo a poções
mágicas e negligência na compra de vacinas, a única
forma de combater o coronavírus nos dias de hoje.


Além disso, pego de surpresa, o ministro da Economia
começou uma longa corrida atrás dos fatos, desde que
declarou que "com R$ 5 bi nós matamos o bicho". Foi o
Congresso que desenhou todas as regras e a estrutura
do auxílio emergencial (depois apropriado pelo
Executivo), que, a partir de junho, elevou a demanda de
consumo e resultou numa melhora da atividade no
segundo semestre.


Nesta semana, soubemos que a queda do PIB foi de
"apenas" 4,1%, e não os 6% a 8% que se anteviam por
volta de junho.

Nesse resultado, merece menção que, do lado da
oferta, cresceram apenas o setor financeiro, a
agropecuária, os serviços imobiliários e a extrativa
mineral.

Do lado da demanda, a queda foi uni- versal,
destacando-se o consumo das famílias.

O pior é que não se projeta continuidade da
recuperação rumo a um crescimento mais sustentável,
como mostra a precariedade da taxa de investimento
(que ficou abaixo de 16%, quando se corrige o impacto
das importações fictas de plataforma de petróleo), a
queda abrupta das expectativas de todos os agentes
econômicos neste início de ano e as consequências da
desastrada intervenção na Petrobrás.

Ao contrário, até o governo já reconhece que não
haverá crescimento no primeiro semestre. Para a MB, o
PIB, na margem, será negativo em 0,8% no primeiro
trimestre e 0,3% no segundo trimestre, configurando
uma recessão técnica. E a recuperação era para ter
sido em "V"! Nada é mais distante da realidade do que
declarou o ministro à Veja (23/12/20): "Estamos
disparando uma onda de investimentos. O grande
desafio de 2021 será exatamente esse. O Brasil será a
maior fronteira de investimentos do mundo".

O conjunto de vetores aponta para um período ainda
muito difícil adiante.

Antes de mais nada, a virulência da segunda onda do
vírus está produzindo um colapso em muitos Estados,
que piora o ambiente e implica restrições à atividade em
muitos lugares. O mercado de trabalho continua
extremamente fraco e os dados mostram que a
população sacou uma quantia apreciável de suas
cadernetas de poupança para cobrir seus
compromissos.
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