Clipping Banco Central (2021-03-07)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Poder
domingo, 7 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - COAF

O uso de dinheiro vivo pelo presidente também foi
declarado em suas campanhas.


Transações em espécie não configuram crime, mas
podem ter como objetivo dificultar o rastreamento da
origem de valores obtidos ilegalmente. É o caso da
'rachadinha' descrita pelo MP-RJ.


A prática também contraria declaração do próprio
presidente à Folha em janeiro de 2018, quando negou
manter dinheiro vivo em casa.


'Eu não guardo dinheiro no colchão em casa. Tem muita
gente que declara. Até a Dilma [Rousseff, ex-presidente]
declarou uns cento e poucos mil. Eu nunca declarei isso
daí', disse ele na ocasião.


Bolsonaro também realizou transação imobiliária com
características suspeitas de acordo com critérios do
Coaf, assim como Flávio.


Em 2009, o presidente adquiriu sua casa na Barra da
Tijuca por R$ 400 mil. Quatro meses antes, a antiga
proprietária havia comprado o imóvel por R$ 580 mil.
Bolsonaro teve um 'desconto' de 30% em comparação
ao valor pago antes.


Desvalorização semelhante foi constatada na aquisição
por Flávio de dois imóveis em Copacabana. Ele
declarou em escritura ter pago R$ 310 mil pelos
apartamentos, quando ambos custaram aos antigos
proprietários, um ano antes, R$ 440 mil somados.


O senador é acusado de ter pago 'por fora' R$ 638, 4
mil em dinheiro vivo pela compra desses imóveis. O
MP-RJ identificou, após a quebra de sigilo bancário, que
a conta da pessoa responsável pela venda dos dois
imóveis a Flávio teve depósito deste valor em espécie
no mesmo dia da transação.


Flávio revendeu os apartamentos pouco mais de um
ano depois por R$ 1, 1 milhão, obtendo um lucro de R$
813 mil na 'transação relâmpago'. O MP-RJ afirma que
a operação permitiu que o dinheiro ilegal da 'rachadinha'


passasse a integrar o patrimônio oficial do senador, a
partir de revenda dos apartamentos e a declaração à
Receita Federal.

Para investigadores, a desvalorização repentina pode
indicar possível pagamento não declarado, a fim de
ocultar o patrimônio do comprador de origem ilegal. O
presidente, cuja casa permanece em seu nome, já
negou ter adotado tal prática.

A relação financeira comprovada com Queiroz também
é mais intensa com a família do presidente do que com
a de Flávio, segundo os dados bancários da
investigação.

A primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu o depósito
de 27 cheques entre 2011 e 2016 que somam R$ 89
mil, de acordo com a quebra de sigilo bancário de
Queiroz e sua mulher, Márcia Aguiar.

Já a conta da mulher do senador, a dentista Fernanda
Bolsonaro, registra apenas o depósito de R$ 25 mil em
espécie uma única vez. O apor te antecedeu o
pagamento da entrada de um imóvel.

O MP-RJ identificou que Queiroz pagou em dinheiro ao
menos uma vez a mensalidade escolar das filhas do
senador, que custavam R$6. 942, 55 somados. Há
outros 114 boletos de mensalidade escolar e plano de
saúde da família de Flávio quitados com dinheiro vivo
cuja origem não é identificada.

As quebras de sigilo não identificaram prática
semelhante como presidente. Mas ele mesmo declarou
em entrevista que Queiroz também pagava algumas de
suas contas.

'O Queiroz pagava conta minha também. Ele era de
confiança', disse o presidente, em entrevista à TV
Bandeirantes em dezembro de 2020.

Apontado como operador financeiro do esquema,
Queiroz foi nomeado no gabinete de Flávio por
indicação do presidente. Eles são amigos desde 1984,
quando se conheceram na Brigada Paraquedista do
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