Clipping Banco Central (2021-03-07)

(Antfer) #1

Artigo que caiu da PEC diz muito sobre nós


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
domingo, 7 de março de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Samuel Pessoa


Em entrevista a Érica Fraga, publicada na Folha no
domingo passado (28), Ricardo Paes de Barro s
afirmou: "Em toda sociedade, os adultos, até os 65, 70
anos, quase certamente, consomem menos do que a
sua renda porque subsidiam o consumo das crianças e
dos idosos. No Brasil, não é diferente".


"O que é diferente aqui é o quanto desse subsídio vai
para os idosos e para as crianças. Para cada idoso, a
gente dá seis vezes mais do que para uma criança."
"Você pode dizer: 'Ah, mas criança é baratinho, idoso é
caro'. Então, isso deveria ser verdade no Japão, no
Uruguai, em toda parte. No Brasil, essa razão é
totalmente desproporcional em relação ao resto do
mundo. Isso faz com que a pobreza entre as crianças -
considerando a renda per capita, mesmo depois que os
adultos compartilham sua renda com elas seja quase
duas vezes a média nacional, enquanto a pobreza entre
os idosos é inferior a um terço da média nacional." Eu
adiciono que esse/ato não se deve ao fato de o Estado
brasileiro ser mínimo. Na América Latina, o Brasil tem a
maior carga tributária, o maior gasto primário, o maior


gasto social e a maior dívida pública.

O Senado aprovou na semana passada a PEC que
permitiu nova rodada do auxílio emergencial. Aprovou
também algumas medidas que auxiliam na construção
de uma situação fiscal saudável.

Uma das medidas que estavam na PEC e/oi retirada do
texto final foi 0 parágrafo único ao 6° artigo da
Constituição. O artigo estabelece que: "São direitos
sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho,
a moradia, o transporte, lazer, a segurança, a
Previdência Social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição" O parágrafo adicionado (e retirado
do texto final) afirmava que "deve ser observado, na
promoção e na efetivação dos direitos sociais, o
equilíbrio fiscal intergeracional".

O parágrafo não tinha nenhuma implicação imediata.
Somente tentava equilibrar a escolha entre o futuro e o
passado, que no Brasil, como ilustrado pela entrevista
de Paes de Barro s, está totalmente desequilibrada.

O mesmo padrão ocorre quando escolhemos com tanta
facilidade fechar escolas. A segurança dos professores
e demais funcionários precisa ser resguardada. Mas o
aprendizado das crianças também, que é o nosso
futuro.

Nosso processo de escolha social tem priorizado muito
o presente e o passado em detrimento do futuro.

Em parte, seria esperado. Somos uma sociedade muito
desigual. Há resultado importante da economia política
que estabelece que sociedades democráticas e
desiguais têm menor crescimento.

O motivo é que o cidadão que decide a eleição, aquele
em relação ao qual metade da população é mais rica e
a outra metade é mais pobre -em jargão, trata-se do
eleitor mediano-, é relativamente pobre. Ele é pobre em
razão da elevada desigualdade.
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