Clipping Banco Central (2021-03-07)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
domingo, 7 de março de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

FH Em 1980 entramos em um ciclo de inflação e
cenários econômicos difíceis, choques, troca de moeda.
Complicou o ambiente de negócios. A companhia
passou a explorar mercados externos e ter parte da
receita em moeda americana. Conseguiu se ajustar ao
momento. Isso não significa dizer que ela nunca viveu
fases críticas. Ela nunca quebrou mas quase quebrou, o
que também foi ensinamento. Conseguiu, em 140 anos,
sempre se adaptar.


Mais recentemente, 2007 foi um marco importante
porque os acionistas controladores, a família Hering,
decidiu criar um ciclo de crescimento novo e foi a
mercado com uma oferta de ações. Essa mudança fez
com que a família deixasse de ser controladora do
capital da empresa. Continua sendo controladora da
gestão, mas tem outros acionistas com participação no
futuro da companhia.


Foi uma decisão sábia para a longevidade da empresa.
Agora estamos em um momento de transição de
gestão. Estou presidente da companhia, já há bastante
tempo, preparando uma sucessão.


Por consenso dos acionistas e no alto padrão de
governança, com o conselho de administração,
acabamos em conjunto fazendo a sucessão com
alguém da família, que, por acaso, é um dos meus
filhos. A paixão pelo negócio está no sangue. Começou
com os irmãos. O Bruno não teve filhos. Somos
descendentes do Hermann, e o legado de
empreendedorismo permanece.


Qual o papel do ecommerce nessa perpetuidade?


FH De um passado mais recente, a gente vem com as
inovações do comércio eletrônico. Não só abertura de
loja eletrônica, de um ecommerce, mas com o que se
chama hoje de omnicanalidade. As lojas servem
também de ponto de distribuição para o ecommerce. A
primeira loja eletrônica vem de cerca de 15 anos e se
acelerando.


A pandemia acelerou?


FH Foi um catalisador. Se até um tempo atrás o foco
era na loja eletrônica, hoje não é. É a venda em
qualquer ambiente, seja físico ou virtual. Eles têm de se
combinar, criar modalidades: como a compra na loja
física no shopping mas através de um smartphone, ou a
compra no eletrônico de casa para buscar na loja etc.

Não é o fim da loja física?

FH Sem destruir o ambiente físico. Ele é enorme
vantagem. Se eu tenho mais de 700 lojas espalhadas
no Brasil, eu tenho potencial de mais de 700 hubs de
distribuição para o cliente poder comprar e receber em
horas sem sair de casa. O ambiente físico é
companheiro do eletrônico e vice-versa. Aquela
impressão que se tinha de que o eletrônico ia destruir o
físico é totalmente errada. E agente constata isso nas
companhias que foram criadas só no ambiente
eletrônico e também estão procurando o físico. Essa
harmonia dos dois é o que o futuro está mostrando.

Qual é a sua lembrança da comemoração dos cem anos
da Hering?

FH Eu tinha 21 anos. Teve uma festa em Blumenau
com presença de autoridades. Vivíamos ainda o
ambiente militar. O presidente João Figueiredo esteve lá
com ministros.

E uma festa com colaboradores e as famílias. Me
recordo de ouvir: "Parabéns pelos primeiros cem anos".
Imaginar que hoje tem 140, e, quando se olha p ara a
frente, não é impossível que chegue aos 200.

Qual é seu sentimento sobre a economia e a pandemia?

FH Pandemia é tristeza, pelos mortos, pela doença e
porque traz mais desigualdade social. Vivemos um
momento estranho quando se avalia o ambiente
econômico, porque se vê uma dispersão grande de
desempenhos.

Tem empresas ganhando muito e empresas perdendo
muito. E o ambiente inesperado. Quando começou, no
primeiro trimestre de 2020, todo o mundo se preparou
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