Clipping Banco Central (2021-03-07)

(Antfer) #1

Tibieza parlamentar


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
domingo, 7 de março de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Congresso precisa se colocar à altura da gravidade
histórica da crise que só é piorada por Bolsonaro


Às derrocadas sanitária e econômica no Brasil, cortesia
do virulento coquetel que mistura o Sars-CoV-2, Jair
Bolsonaro e um cenário externo inquietante, soma-se a
tibieza de atores institucionais vitais para o
enfrentamento do ensaio de hecatombe vigente.


Sobressai, em particular, a atuação pífia do Congresso,
cujo conjunto parece mais interessado em aproveitar-se
de modo subalterno de cargos, verbas e oportunidades
de legislar em interesse próprio.


Desde que o centrão ganhou o controle da Câmara,
com seu prócer Arthur Lira (PP-AL) à frente, a energia
da Casa tem sido despendida de forma notável em
iniciativas distantes da carnificina de quase 2.000
mortos diários e próxima das conveniências dos
deputados.


Com isso se viram a PEC da impunidade, o avanço da
discussão acerca da revisão da Lei de Improbidade
Administrativa e uma nova tentativa de embaralhar o


jogo já confuso da lei eleitoral - para pior, com idéias
como o distritão e o fim de barreiras recentes contra a
proliferação de partidos.

Lira até percebeu o vexame e tentou remediar a
situação. Chamou governadores, em colegiado no qual
residem os últimos focos de resistência ao desgoverno
de Bolsonaro com alguma capacidade reativa, para
discutir a pandemia.

Foram prometidas emendas parlamentares para a
saúde e acompanhamento da questão dos insumos de
vacinação. Pouco, e tarde.

O momento demanda, no mínimo, um plano robusto de
fiscalização das políticas do Ministério da Saúde, com
supervisão da execução orçamentária e oitivas de suas
erráticas autoridades.

Do outro lado do Congresso, no Senado, o cenário não
é muito melhor. Ao menos foi votada a PEC
emergencial que autoriza o gasto com o auxílio aos
mais afetados pela pandemia, mas a disposição geral
dos parlamentares é bovina.

O novo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-
MG) , autor de um meritório projeto que descentraliza a
compra de vacinas, concedeu entrevistas nas quais
pregou uma política de apaziguamento em relação a
Bolsonaro.

Um dos caminhos sugeridos é a instalação de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a
apurar a conduta do governo na pandemia, que, de fato,
vai além da mera inépcia. Entretanto o Congresso
dispõe de meios mais objetivos e menos espalhafatosos
de escrutinar políticas públicas, desde que o Executivo
não sonegue esclarecimentos à sociedade.

A hora exige altivez e senso de responsabilidade, não
menos porque são eleitores desses parlamentares que
estão morrendo enquanto o presidente da República
questiona o "mimimi" de quem se aflige com a tragédia
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