Clipping Banco Central (2021-03-07)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Ilustrada
domingo, 7 de março de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

"lutarem por suas oportunidades e amostrarem os seus
valores". "Nós, do povo negro, não podemos ficar reféns
daquilo que só nos foi dado. Temos que procurar
nossas oportunidades. E, mais do que nunca, isso está
sendo vasculhado, procurado. Essa ferida explodiu na
cara de muitas pessoas."


Para ela, a empresa que não apresentar diversidade em
seu quadro está "fadada ao fracasso, a morrer. 'Simple
like this" [simples assim]. "E não basta só trazer a
diversidade. Isso demanda investimento e tempo",
continua. "Você não precisa mais ter vergonha de falar
baixinho 'vamos tratar da diversidade?. Não. Hoje, a
diversidade é parte do negócio."


A executiva afirma que é "extremamente" a favor de
cotas ("sem sombra de dúvidas") e que vê com bons
olhos ações afirmativas como a iniciativa do Magazine
Luiza de abrir um programa de trainee exclusivo para
pessoas negras. "Agente tem que empoderar o negro a
não ficar com vergonha de fazer parte desse tipo de
ação. É direito dele, não é um favor."


"O protagonista é o povo negro. Mas nós precisamos,
sim, de aliados brancos", diz. "Num país racista, o
antirracismo se faz necessário", continua. Rachel diz
que sente que está abrindo portas e servindo de
exemplo para outras mulheres. "Quando os olhos não
vê em, você acredita que não é para você. Aí, você
mostra que isso é tangível, que existem oportunidades e
possibilidades."


Por outro lado, conta que demorou para se enxergar
nessa posição. "Tudo é aprendizado. Eu não saí da
caixinha pronta. E, olha, eu queria ficar na caixinha,
escondidinha, dá menos trabalho. É menos
responsabilidade. Mas eu quero transformar. E, para
isso, 'theres no free lunch" [não existe refeição de graça]
.


Rachel conversou com a coluna por chamada de vídeo
direto de seu apartamento no Alto da Boa Vista, em São
Paulo, num intervalo entre uma batería de reuniões
virtuais. "Eu atarraxei meu bumbum aqui, olha. Tô
desdes às 6I115 aqui no sofá, conta, entre risos.


Ela vestia uma camisa polo cor de rosa que combinava
com o tom do esmalte das unhas. Rachel diz que é
"vaidosa por natureza": "Só para você ter uma ideia, as
meninas fazem tranças [no cabelo] uma vez por mês, a
cada 45 dias. Eu faço e desfaço toda semana. E olha
que demora no mínimo quatro horas para fazer",
continua.

"Quero sempre estar bem, passar meu creminho para
pele, fazer minha drenagem, para gostar do que estou
vendo".

A epidemia da Covid-19, ela conta, despertou um lado
diferente da experiência da maternidade, mais próxima
do dia a dia dos filhos - ela é mãe de Sarah Maria, 9, e
Pedro Antônio, 1. "Sempre trabalhei muito, chegava
tarde em casa. Pude experimentar algo que eu não
conhecia. E foi espetacular."

"Esse novo normal mostra para o mercado como um
todo que a maternidade não te faz menos capaz, pelo
contrário", segue. Ela relembra quando, 20 dias após
dar à luz Sarah Maria, voltou ao escritório para trabalhar


  • e montou um berçário ao lado de sua sala. "Todo
    mundo ouvia o bebê chorando. E isso não me fez sentir
    vergonha, não carrego nenhuma culpa."


"Mas cada um temas suas escolhas. E você deve ser
proprietária delas. Aquelas foram as minhas, naquele
momento. Com seus ônus e bônus", continua.

"Aprendí demais, amei demais, tive oportunidades
incríveis na minha vida. Mas quando você consegue
estar mais perto das pessoas que você ama e tirar
proveito disso... Sem sombra de dúvida, eu acho que
essa parte do amor, de potencializar mais as pessoas
que você ama... Acho que tiraria um pouco mais dessa
história ainda", diz, com a voz embargada.

Rachel perdeu a mãe e a irmã mais velha em 2020 - ela
não quis entrar em detalhes. "A questão de família
sempre foi muito importante pra mim. Amei da forma
mais absoluta a minha mãe. E construo esse amor com
os meus filhos", diz.
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