Clipping Banco Central (2021-03-07)

(Antfer) #1

Viés de alta


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
domingo, 7 de março de 2021
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Políticas desastradas de Bolsonaro desvalorizam o real
e tornam provável elevação dos juros do BC Ao que
tudo indica, o Banco Central será obrigado a subir em
breve sua taxa de juros , hoje na mínima histórica de
2% ao ano. Trata-se de resultado da imprevidência do
governo de Jair Bolsonaro, que se mostra incapaz de
lidar com os desafios da economia e da saúde.


Nos últimos meses, o país foi atingido por dois choques
simultâneos que comprometeram as perspectivas de
retomada econômica e trouxeram enorme insegurança.
O primeiro é o agravamento da pandemia,
consequência da conduta negacionista do Planalto.


A recaída recessiva que decorre do fechamento de
muitas atividades tornou inevitável o retorno do auxílio
emergencial. Como não houve planejamento adequado,
com cortes em outras áreas para pagar o benefício
necessário, aumentaram as incertezas sobre a trajetória
das contas públicas.


O risco de descontrole, como sempre, leva à alta do
dólar e dos juros de longo prazo, ambos fatores
negativos para a confiança de famílias e empresas.


Também ficam magnificados os problemas de repasse
interno dos maiores custos de produtos importados ou
referenciados no mercado internacional, caso de
alimentos, matérias primas industriais e combustíveis.

Por ora não houve um salto no abismo da
irresponsabilidade orçamentária, com a manutenção
pelo Senado das necessárias contrapartidas ao
pagamento do auxílio emergencial. Cumpre lembrar que
o próprio governo alimentou pretensões populistas ao
tentar abrir mais espaço para gastos.

É nesse contexto que o país passapelo segundo
choque, desta vez externo, que é o aumento dos preços
em dólar das matérias-primas conforme o resto do
mundo retome o crescimento neste ano.

A elevação das cotações das commodities de fato foi
notável desde o início de 2021, acumulando cerca de
20% em apenas dois meses. Com o real desvalorizado,
tudo se transforma em inflação - ainda quando há
intervenções desastradas como se viu na Petrobras.

É um círculo vicioso que resulta num quadro difícil para
o Banco Central. Mesmo com a economia deprimida,
não há mais folga na trajetória da inflação, que ameaça
novamente superar as metas (3.75% neste ano e 3,5%
em 2022).

É trágico que o país se veja na iminência de encarecer
o custo do dinheiro em momento tão adverso. Há que
fazer todo o possível, enquanto é tempo, para minimizar
a intensidade desse movimento.

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