Clipping Banco Central (2021-03-07)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
domingo, 7 de março de 2021
Banco Central - Perfil 2 - TCU

Jair Bolsonaro. O general Joaquim Silva e Lima será o
16o.


Essas chefias têm efeito multiplicador sobre o efetivo
egresso da farda. Luna, por exemplo, atualmente é
diretor geral da Itaipu Binacional. Em seus dois anos à
frente da empresa, ele escalou militares para cargos de
confiança. Hoje tem 20 em sua equipe; entre eles, 4 dos
6 diretores de Itaipu.


Segundo especialistas, essa militarização no Estado
brasileiro é atípica. Doutor em ciência política pela
Universidade de Chicago (EUA) e professor titular do
departamento de ciência política da Universidade
Federal de Pernambuco, Jorge Zaverucha afirma
desconhecer outra democracia no mundo que tenha
essa quantidade de militar no aparato do Estado.


O professor afirma que, historicamente, a
redemocratização é acompanhada da desmilitarização
da política. Mas, no Brasil, está ocorrendo uma inversão
da lógica. "Os civis estão entregando poder para os
militares", diz. "Colocar é fácil, mas há um preço para
tirar."


Como deputado, Bolsonaro sempre foi admirador e
defensor das Forças Armadas e da Polícia Militar. Já
chamou de herói o coronel Brilhante Ustra, chefe do
DOI-Codi, área de repressão durante a ditadura militar.
Depois de subir a rampa do Palácio do Planalto,
manteve o perfil. Empossou militares em ministérios.
Prestigia até festa de formatura de cadetes.


No entanto, o avanço dos militares nas estatais, em
especial as da área econômica, surpreende até civis
mais próximos do poder.


Aos integrantes de sua equipe, Bolsonaro apresenta
algumas justificativas para a militarização da estrutura
pública. Segundo ele, o uso da farda forja gestores
focados, organizados e tecnicamente competentes. Um
dos argumentos mais recorrentes é que os militares são
soldados contra a corrupção, capazes de extirpar esse
mal crônico da estrutura do Estado.


Esse espírito, por exemplo, levou à posse, partir de
2019, já no primeiro ano do governo Bolsonaro, de 14
militares na Valec, incluindo na cadeira da presidência.
Criada com a meta de cuidar da expansão da malha
ferroviária, a Valec foi alvo de várias denúncias de
corrupção.

Detalhe: a empresa é subordinada ao Ministério da
Infraestrutura, comandado pelo capitão da reserva
Tarcísio Gomes de Freitas.

Ainda segundo os dados fornecidos pelo próprio
governo, nove militares integram os conselhos da
Eletrobras, estatal ligada ao Ministério de Minas e
Energia, que tem como titular da pasta o almirante de
esquadra Bento de Albuquerque Junior.

Duas empresas do sistema Eletrobras também são
presididas por militares. Foram muitas as investigações,
em governos passados, de ilícitos na estatal que detém
o maior parque gerador de energia elétrica do país.

Os militares ocupam também a presidência e três
diretorias do Correios, oficialmente chamado de ECT
(Empresa de Correios e Telégrafos). Vinculada ao
Ministério das Comunicações, a estatal foi epicentro do
escândalo de paga- mentos de propinas que levou a
uma CPI e culminou com as investigações do mensalão.

Também estão sob a gestão de militares a menos
conhecida Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares). Vinculada ao Ministério da Educação, ela
contribui com hospitais universitários federais e ganhou
mais peso com a pandemia.

Militares da reserva ocupam os cargos de presidente e
vice-presidente desde 2019. Um militar da reserva faz
parte do conselho de administração.

Um dos poucos casos de desmilitarização é o da
Telebras, a estatal que já controlou o sistema de
telefonia e que foi desintegrada com a privatização há
duas décadas.

Resgatada no governo PT, não tinha muita serventia,
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