O preço político da crise
Banco Central do Brasil
Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
domingo, 7 de março de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autor: Bruno Boghossian
O aumento da gritaria contra o fechamento do comércio
e a investida sobre a Petrobras revelam o que inquieta
Jair Bolsonaro no pior momento dapandemia. O
presidente sentiu o impacto dos choques da economia e
passou a trabalhar exclusivamente para reduzir os
efeitos dessa crise sobre sua popularidade.
Sem o amortecedor do auxilio emergencial, os efeitos
da inflação e o tropeço da atividade econômica
passaram a ter um custo político maior. Embora
Bolsonaro se esforce desde os primeiros dias da
pandemia para fugir das responsabilidades nessa área,
a conta costuma ficar com os presidentes das
República.
Os números já apareceram em pesquisas feitas nos
primeiros meses de 2021. A reprovação ao governo
Bolsonaro cresceu à medida que a população começou
a dar sinais crescentes de desconforto em relação aos
rumos da economia.
Desde dezembro, o percentual de brasileiros que
classificavam o trabalho do presidente como ruim ou
péssimo subiu de 35% para 42% nos levantamentos
XP/Ipespe. No mesmo período, a proporção de
entrevistados que diziam que a economia estava no
caminho errado p assou de 50%paras7% - e só 30%
acham que esse caminho está certo.
Vem desses dados a preocupação de Bolsonaro em
transferir para os governadores a responsabilidade pela
piora nos indicadores econômicos. Desde o fim de
fevereiro, ele ataca quase todos os dias as medidas de
restrição à circulação nos estados, omitindo o fato de
que elas só são tomadas para conter o colapso de
sistemas de saúde e salvar vidas.
Já o malabarismo para reduzir o preço dos combustíveis
e a promessa de "meter o dedo na energia elétrica" são
tentativas de conter a inflação.
Esse componente do desajuste econômico costuma
provocar uma reação imediata do eleitorado - que tende
a ser mais intensa comum auxílio emergencial menor.
Em janeiro, o Datafolha mostrou que 96% dos
brasileiros diziam ver aumento de preços da comida,
86% citavam o gás e 84% falavam da conta de luz.
Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
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