Adega - Edição 185 (2021-03)

(Antfer) #1

12 |^ Revista ADEGA -^ Ed.


produzir vinhos que estão entre
os melhores do mundo, que era a
meta do meu pai, que na verdade
começou na década de 1980, e foi a
continuação do que faziam o pai e
o avô dele. Hoje, meu objetivo não é
de três ou cinco anos, mas 100 anos,
para que o vinho argentino esteja
entre os melhores do mundo, que
haja uma seção de vinho argentino
em cada adega de colecionador do
mundo. Pensar em 100 anos teve
como premissa ser paciente, porque
nos negócios, especialmente
em empresas não familiares, há
uma grande pressão para ganhar
dinheiro, distribuir lucros, etc. E eu
queria enfatizar para minha equipe
que não estávamos com pressa,
que o mais importante era atingir
a meta final e usar a ciência para
preservar a natureza e a cultura do
vinho.

INÍCIO NO VINHO
Laura Catena conta como seu
pai a “enganou” para que se
encantasse pelo vinho e fosse
levada a trabalhar com isso
apesar de sonhar em se tornar
médica:
“Comecei a fazer viagens
com o meu pai para Bordeaux
teoricamente como tradutora
e então percebi que era uma
manobra simples dele para fazer
com que me interessasse por
vinho, pois eu tinha certeza que
seria médica. Queria viajar pelo
mundo todo curando pessoas e
não tinha interesse em trabalhar
com vinho. A minha primeira
viagem foi quando tinha 18 anos.
Meu pai me disse: ‘Laurita, estou
ansioso por provar estes ótimos
vinhos, conhecer o produtor,
como não falo francês, você me
ajudaria? A verdade é que todas
as pessoas falavam inglês e meu
pai não tinha problema. Mas
como eu também adorava falar
francês, pois estudei quando
era jovem, morei na França etc.,
ia e me apaixonei pelo vinho
francês.”

Gostaria que falasse um pouco
do trabalho do Catena Institute
of Wine. Para alguns, pode
parecer algo menor no trabalho
da vinícola, mas, ao que parece, é
uma ferramenta importante, que,
ao longo dos anos, veio norteando
não somente o que Catena tem
feito, mas também quase toda a
vitivinicultura Argentina.
Parece que só agora veio à tona,
mas existe há quase 20 anos. Ele
nasceu em 2002 quando as pessoas
me perguntavam sobre meu
plano para daqui cinco anos, 10
anos... Lembro-me de que tivemos
uma reunião com toda a equipe
e pensei que desafio lhes daria.
Nossa família faz vinhos há 100
anos, então a primeira missão é
desenvolver o vinho argentino por
mais 100 anos. O que temos feito
é mostrar que a Argentina pode

“Pensar em 100 anos teve como premissa
ser paciente, porque nos negócios,
especialmente em empresas não familiares,
há uma grande pressão para ganhar dinheiro,
distribuir lucros, etc. E eu queria enfatizar
para minha equipe que não estávamos com
pressa, que o mais importante era atingir a
meta final e usar a ciência para preservar a
natureza e a cultura do vinho.”

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