Adega - Edição 185 (2021-03)

(Antfer) #1

78 |^ Revista ADEGA -^ Ed.185


UM VINHO


PARA NAVEGAR


A história do singular vinho da ilha da
Madeira

por Arnaldo Grizzo


DOC
MADEIRA

FOI LOGO NOS PRIMEIROS
TEMPOS das navegações que, a cerca
de 1.100 quilômetros de distância
da costa de Portugal, as naus dos
intrépidos portugueses se depararam
com um arquipélago que se tornaria
um entreposto de extrema importância
para o futuro das viagens pelo Atlântico,
para a exploração das costas africanas
e para a descoberta do Novo Mundo.
A Ilha da Madeira (descoberta em 1419
por João Gonçalves Zarco, Tristão Vaz
Teixeira e Bartolomeu Perestrello)
tornou-se um produtor de vinhos
singulares – que abasteciam os navios
e ainda hoje chamam a atenção de
experts, por sua complexidade e pelo
método original pelo qual é produzido.
Como dito, a Ilha da Madeira
é um arquipélago constituído por
duas ilhas habitadas – Madeira e
Porto Santo – e outras inabitadas (as
Desertas e as Selvagens). Ela tem 740

quilômetros quadrados de formação
vulcânica. O ponto mais alto, o Pico
Ruivo, com impressionantes 1861
metros de altitude, já denota o quão
montanhosa é sua geografia. Embora
não se saiba com precisão quais e
quando foram plantadas as primeiras
vinhas, acredita-se que os primeiros
colonizadores tenham trazido
variedades então cultivadas no Minho.
Registos históricos de 1450 apontam a
introdução da casta Malvasia Cândida
nos primeiros anos de colonização.
Essa variedade logo passou a produzir
vinhos que eram exportados, apesar de
a cultura da cana-de-açúcar ser a mais
relevante na época. O descobrimento
da América alguns anos depois,
todavia, seria determinante para o
desenvolvimento do vinho na ilha,
assim como o vinho também seria
determinante para essas viagens
transatlânticas.
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