Adega - Edição 185 (2021-03)

(Antfer) #1

18 |^ Revista ADEGA -^ Ed.


áreas mais frias. Acho que nesse
sentido Cabernet argentino tem
uma tipicidade que é diferente da
Califórnia e da França e pode ser
que haja gente que sempre prefira
Cabernet com um pouco mais de
pirazina. De qualquer forma, acho
que estamos em um nível mais alto
de compreensão do terroir, do clima,
do solo, com o Malbec do que com
Cabernet.

Com o Malbec não havia um
benchmark, mas com o Cabernet
há. Talvez isso seja a diferença?
Parece óbvio, mas não é. Às vezes,
quando você se compara é quando
você faz o pior trabalho, porque
diz: ‘Quero ser tão bom quanto tal
pessoa’. Mas as grandes coisas que se
faz na vida é quando se desafia a si
mesmo. O que quer que seja, temos
que ter o nosso próprio caminho.
Com Malbec isso nos permitiu ser
mais criativos e avançar mais rápido.

Como seus projetos pessoais
se intercalam com o trabalho
em Catena?
Acredito que meu pai é quem mais
entende o assunto da criatividade.
Como equilibrar a administração
de um negócio grande e continuar
tendo criatividade? Como fazer
coisas arriscadas, pensando no

futuro, com muita inovação, e
ao mesmo tempo não se distrair
para continuar a ser líder? Então
acredito que os projetos dos irmãos
foram uma a maneira de meu
pai nos dar esse equilíbrio. Então
experimentamos algumas outras
coisas sem perder o foco em Catena.

Qual a ideia de Luca?
Já vinha trabalhando com meu
pai e falava com muitas pessoas da
França e da Califórnia, escutava
muito sobre vinhedos antigos, a
questão da idade do vinhedo... E
na Argentina, nessa época, anos
1990, as pessoas pensavam que
vinhedo antigo era inútil, porque
o rendimento cai. Então disse ao
meu pai: ‘Acho que há uma crise
na Argentina e que todo aquele
vinhedo antigo vai ser arrancado’.
E isso continua a ser um problema
na Argentina. Apresentei a meu
pai a ideia de trabalhar com essas
pessoas e pagar por hectare para
que não tivessem a pressão de
ter que aumentar o rendimento.
Muitas dessas uvas que hoje vão
para Luca eram vendidas a granel e
essas pessoas não ganhavam nada.
Eles tinham uma uva gloriosa,
da mais alta qualidade. Meu pai
achou o conceito interessante.
Então me dediquei a conhecer

Nosso desafio


era competir


com Bordeaux,


todos


competiam


com Bordeaux.


E o conceito


de Bordeaux


era o blend de


variedades e o


que vimos foi


que podíamos


fazer o


equivalente, mas


com um blend de


altitudes.

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