Adega - Edição 185 (2021-03)

(Antfer) #1

Revista ADEGA - Ed.185 | (^45)
“É importante
frisar que
quem estava
pronto para
atuar no
multicanal ou
quem estava
focado no off-
trade se deu
melhor em
2020”
Análises
Após apresentar o números, Galtaroça
fez um avaliação e acredita que o
crescimento acelerado que ocorreu
nas importações no fim de 2020
pode representar um movimento
de nacionalização antecipada das
mercadorias para se prevenir contra
oscilações ainda maiores do dólar e isso
pode representar que os estoques estão
acima do normal no início deste ano. E,
segundo ele, esta seria um das razões
para que 2021 não tenha uma projeção
de crescimento e sim uma pequena
retração em relação aos números do ano
passado.
“Foi um ano atípico. A curva mudou
e é difícil projetar um novo crescimento.
A curva de tendência mostra uma
pequena regressão. Cerca de 8 a 9% no
mercado total. Há problemas, como
falta de insumos, risco cambial e outros
fatores que podem levar a uma redução.
Mas pode o ano surpreender, é um ano
de incerteza ainda. O desafio é sustentar
parte do crescimento de consumo”,
afirmou.
Por sua vez, Christian Burgos,
diretor da Inner Editora, grupo que
edita a revista ADEGA, ponderou que
os números de crescimento de 2020
provavelmente são ainda maiores do
que os apresentados, pois quem tinha
estoque pôde vender e diminuir o
estoque ao invés de importar. E aposta
em novo crescimento. “Quero acreditar
que houve uma integração de novos
consumidores na cadeia durante o
ano. Houve aumento de frequência de
consumo, mas também incorporação de
gente nova. Vinho é caminho sem volta.
Se houver diminuição de frequência
dos consumidores tradicionais,
será equilibrada pelo aumento de
consumo por quem acabou de entrar.
É importante frisar que quem estava
pronto para atuar no multicanal ou
quem estava focado no off-trade se deu
melhor em 2020”, avalia. Galtaroça
concorda: “O ponto mais positivo foi
o quanto as empresas investiram em
novas formas de distribuição, voltando-
se ao consumidor final. O futuro é
ampliar os canais de distribuição”.
Convidado a falar, Adílson
Carvalhal Jr., da Casa Flora e presidente
da ABBA (Associação Brasileira dos
Exportadores e Importadores de
Alimentos e Bebidas), concordou
com a visão. “Todos precisaram se
mexer e acelerar. Isso deu acesso ao
consumidor. Precisamos comemorar,
mas nosso consumo per capita ainda é
muito pequeno. Como teve problema
de abastecimento, as importadoras se
estocaram no fim do ano, então talvez
tenha pequena queda mesmo em 2021.
Mas o boom de 2020 não vai cair. O
consumidor entrou mais no mundo do
vinho e está começando a consumir
de maneira mais habitual. Além disso,
as empresas estão mais profissionais e
mais preparadas”, constatou.
Sobre o mercado nacional, a visão
foi de Deunir Argenta, da vinícola
Luís Argenta e presidente da UVIBRA
(União Brasileira de Vitivinicultura).
“Vivemos um momento totalmente
atípico. Ninguém tinha uma resposta
para o que aconteceu. Mas foi um ano
positivo. Estamos criando o hábito
do vinho no brasileiro. Foi um ano
importante de venda, pois estávamos
estagnados e desovamos os estoques;
e acreditamos que podemos evoluir
nos próximos anos. Vale apontar que
tivemos problemas por causa da falta de
vasilhames, e isso nos preocupa, pois,
se tivermos um crescimento maior,
teremos mais dificuldade”, revelou.

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