Adega - Edição 185 (2021-03)

(Antfer) #1

76 |^ Revista ADEGA -^ Ed.185


teriam notado um líquido vermelho
escorrendo pela barba dos soldados
húngaros. Espalhou-se então o boato
de que os combatentes em Eger
bebiam vinho com sangue de touro
e assim ganhavam a força do animal


  • cujo sangue passava então a correr
    em suas veias. Acredita-se que, graças
    a esse “tônico milagroso” cerca de 2
    mil homens resistiram a um exército
    invasor 40 vezes maior por mais de
    um mês. Com isso, a fortaleza de Eger
    não foi tomada (só seria conquistada
    pelos turcos em 1596) e nasceu, assim,
    Egri Bikavér.


Será?
Apesar da lenda heroica, a história do
“Sangue de Boi” húngaro certamente
não surgiu aí. Não há relatos de
plantações de uvas tintas na Hungria
até a ocupação turca. Há quem
sustente que o nome Bikavér pode
estar ligado a János Garay, famoso
poeta húngaro nascido em Szegzárd,
que teria cunhado o termo em um
poema de 1846: “Despeje-o em seu
copo e você verá um milagre! Sua cor é
como o sangue do touro, mas a pérola
que dela brilha é como a neve, branca.
E a videira que a produziu é verde
como um prado. Onde mais você pode
encontrar uma tricolor (bandeira)
mais bonita de nossa bela pátria?”
Lendas a parte, o vinho
“sobrevive” ainda hoje. Os cerca de
5.400 hectares de vinhedos da área
vinícola de Eger estão localizados
na encosta sul das montanhas Bükk,
no nordeste da Hungria. A região
está dividida em dois distritos de
denominações protegidas: Eger e
Debrő, abrangendo assim a cidade de
Eger e outras 19 vilas: Andornaktálya,

János Garay teria
cunhado o nome Bikavér
em um poema de 1846

Castelo da vila de Eger teria
resistido ao cerco otomano
em 1552 graças ao “Sangue de
Touro”
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