por Roberto Sarmento Lima
O
que eu vou dizer agora sobre poe-
sia pode se aplicar à arte de uma
maneira geral. Desde que come-
çou a buliçosa modernidade (en-
tendendo esse período, aqui, a partir da mu-
dança de sensibilidade operada pela poesia
de BAUDELAIRE 1 , na segunda metade do século
XIX), nunca mais tivemos segurança em de-
limitar concepções artísticas. Urgia, naquela
época, desmontar o VEZO SUBLIMANTE 2 do códi-
go de enobrecimento que recobria principal-
mente a poesia, a prima rica dos artefatos cul-
turais e literários. Inicia-se uma descida dos
céus aos infernos do cotidiano a que a poesia
não fi cou mais indiferente: “Paris change!”
(traduzindo, “Paris muda!”, poetava na oca-
sião Baudelaire, em seu poema O cisne). Não
era só Paris que mudava; era a poesia, era a
O vaivém da
Os versos contemporâneos
guiam-se por princípios que vão
da incorporação da fala mais
espontânea à ressublimação
de uma linguagem que parecia
ter desaparecido dos poemas,
embora retemperada pela
sintonia com a atualidade
poesia
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