Conhecimento Prático Língua Portuguesa e Literatura - Edição 77 (2019-06)

(Antfer) #1
LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA | 9

aqueles títulos legais das revistas, e deu muito
certo: tive uma agência de propaganda por seis
anos. Foi quando decidi fazer uma viagem para
a Europa. E parece que uma ficha caiu... Voltei
querendo fazer Filosofia, entrei no mesmo ano
na faculdade, cursei Filosofia e no ano seguin-
te já dava aula. Isso em 2011; depois que termi-
nei Filosofia ainda fiz História da Arte. Agora
estou fazendo mestrado na Unicamp em
Filosofia Contemporânea, mais especificamen-
te em uma questão de linguagem na filosofia
do NIETZSCHE 1 , algo que me interessa bastante,
essa intersecção entre filosofia/literatura que é
um pouco o que o jovem Nietzsche propõe em
relação à escrita propriamente. Eu sempre es-
crevi poesias. Em 2010 fiz uma oficina de con-
tos com o o escritor Menalton Braff, que depois
disso passou a ser meu grande amigo, meu pa-
drinho literário; então mostrei alguns escritos
para ele, que me disse ter coisas muito legais,
outras que precisavam ser lapidadas, enfim...
Começamos juntos um processo de lapidação
desses contos; tinha mais ou menos quarenta,
e cheguei a vinte e dois, que foi o número de
contos em meu primeiro livro, Violeta velha e
outras flores, em 2014, pela editora Patuá. O li-
vro recebeu crítica e recepção de público mui-
to bacanas, que me abriram portas para outras
publicações. Em 2017 saiu meu terceiro livro, e
o quarto vai sair este ano pela Patuá e também
o primeiro de poesia.

Você é publicitário, filósofo, professor
e escritor... Como esse mix de formação
cultural auxilia nas suas obras
literárias?
É óbvio que a minha formação em Filosofia
e também em História da Arte me dão um ar-
cabouço para escrever minha literatura, para
fazer a minha arte, mas eu queria só fazer uma
observação: não necessariamente a formação
teórica constrói bons escritores. Aliás, geral-
mente acontece o oposto: muitos desses com
ampla formação tentam fazer arte, fazer lite-
ratura, mas escrevem textos bem medíocres, e
pessoas sem formação podem escrever gran-
des livros de literatura. E nós vemos a história
aí marcada por bons exemplos.

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