Clipping Banco Central (2021-03-12)

(Antfer) #1

'Parece que teremos um quadro de estagflação no 1° semestre


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
sexta-feira, 12 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

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Autor: Vinicius Neder / rio


ENTREVISTA Tony Volpon, estrategista-chefe da
gestora WHG e ex-diretor do Banco Central


Combinadas, a aceleração da inflação e a perda de
fôlego na retomada da economia neste início de ano
deixam o Brasil num quadro de "estagflação" - situação
em que o crescimento econômico fica parado, mas,
diferentemente do que seria normal com a atividade
fraca, os preços aceleram. A avaliação é de Tony
Volpon, estrategista-chefe da gestora WHG e ex-diretor
do Banco Central. A boa notícia é que isso poderá ficar
restrito à primeira metade do ano. Para Volpon, uma
reação do BC e uma melhora no quadro da pandemia,
com avanço da vacinação, poderão resultar numa
"confluência positiva no segundo semestre".


O que pressiona a inflação?


Temos um choque primário, que está vindo da
combinação de (alta no) câmbio e (alta nas cotações
de) commodities e da desarticulação das cadeias de
oferta.


O atual choque primário na inflação se deve à
pandemia?

Ele tem três elementos. Tem uma desorganização (da
economia por causa) da pandemia. Estamos vendo isso
ao redor do mundo. Essa questão (da falta) de chips
para (a fabricação de) automóveis é global e é um
exemplo. Há uma forte alta dos preços das
commodities, por causa da recuperação global, que vem
depois da pandemia. Só que o câmbio (o terceiro
elemento) é um pouco diferente. Aí, o problema é nosso
(relacionado ao desequilíbrio fiscal). Acho que houve
má calibragem do BC, o que ele está fazendo de
intervenção do câmbio (nos últimos dias) poderia ter
feito antes.

O desequilíbrio fiscal está elevando as expectativas de
inflação?

Sim. Não consigo desenhar um horizonte muito claro de
quando teremos superávit primário.

É hora de o BC subir os juros?

Frente a esse quadro, ter uma taxa (real, ou seja,
descontada a inflação) de juros negativa não é
condizente com um BC que quer ancorar as
expectativas. Partimos da discussão olhando para um
câmbio que se deslocou para cima e para aquele
choque primário. Esse quadro não é compatível com
juro (real) negativo de 2% (como é no momento atual,
quando a taxa de inflação é subtraída da taxa básica
Selic, hoje em 2% ao ano).

Se os juros subirem, a economia não vai perder mais
fôlego?

Essa atuação terá um efeito benéfico no dólar. Parte da
apreciação (recente) se deve à mudança na estratégia
de intervenção do BC, mas parte se deve também
porque o mercado agora está acreditando que haverá
essas altas (na taxa básica de juros) e, portanto, isso
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