Clipping Banco Central (2021-03-12)

(Antfer) #1

PEDRO DORIA - Lula e a imprensa versão 2022


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
sexta-feira, 12 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

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Foi num discurso com a verve que lhe é única, com o
carisma que nenhum outro hoje tem, que o ex-
presidente Luiz Inácio Lula da Silva se colocou de volta
na cena política brasileira. Ele não o disse com clareza,
mas fez discurso de candidato ao Planalto. Só que o
Brasil de 2021, assim como o de 2o22, não é mais
aquele que ele deixou ao descer a rampa do Palácio há
dez anos.


Neste Brasil de hoje, desinformação é o que nutre a
máquina que ameaça a democracia. A ação
responsável de qualquer líder político terá de ser
diferente do que noutros tempos.


Quando Lula era presidente, o PT tinha uma máquina
na internet imbatível por qualquer outro grupo político.
Uma cadeia de sites e blogs, alguns feitos por
jornalistas ligados ao partido, outros por militantes,
trabalhava um dia após o outro para oferecer uma
versão governista dos fatos. O noticiário, as análises, as
entrevistas, tudo funcionava como contraponto àquilo
que a imprensa independente produzia. Com todos os
atritos que geraram no tempo, tinham uma atuação
muito distinta da máquina de desinformação


bolsonarista. Havia transparência: autores assinavam
textos com seus nomes e os debates provocados eram
feitos à luz do dia.

Não é que o PT nunca tenha lançado mão de
desinformação. Claro que lançou, e poucos exemplos
são mais claros - e desleais - do que a campanha contra
a candidata do PSB em 2014, Marina Silva. A
propaganda petista na TV a acusava de dar controle da
economia aos banqueiros por tornar independente o
Banco Central. Nas imagens, o resultado era comida
sumindo do prato das pessoas, como se a fome fosse
voltar por essa decisão.

O jogo eleitoral nunca foi plenamente limpo, Fernando
Collor atuou contra o próprio Lula de forma ainda mais
desleal, em 1989, e visto de hoje parece até ingênuo
criticar qualquer grupo político por suas práticas do
passado. Perante um governo como o de Jair Bolsonaro
que opera na mentira o tempo todo, que distorce
informações por praxe corriqueira, todas as outras
forças políticas brasileiras jogam com muito mais
elegância.

Mas é por isso mesmo que o PT não pode mais atuar
como atuou no passado. É preciso um pacto do PT, do
PDT, do PSDB, de todas as legendas de defesa da
confiança na informação. Do ambiente de informação.
Da garantia da coerência e integridade da informação
que chega aos brasileiros. Foi o que Lula fez em seu
discurso, por exemplo, ao dar ênfase às mensagens a
respeito da pandemia. Em prol da vacina, do
isolamento, do álcool em gel.

Isso quer dizer também que não dá mais para
infantilizar críticas à imprensa. Questionar uma
reportagem, discutir um número, reclamar de uma
informação imprecisa, tudo é do jogo. Mas há
instituições cujo trabalho é colocar informação perante a
sociedade numa democracia. A academia é uma delas.
ONGs. Institutos. Também a imprensa - diariamente.

Ataques sistemáticos à instituição imprensa, como se
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