Mercado Livre começa a montar tripé de negócios
Banco Central do Brasil
O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
sexta-feira, 12 de março de 2021
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Autor: Cristiane Barbieri
Com o crescimento forte tanto no shopping virtual
quanto na área financeira no ano passado, o Mercado
Livre separou R$ 10 bilhões para investir em 2021 e a
maior parte irá para o que pode se tornar sua terceira
frente de negócios: a logística. "Por enquanto, estamos
trabalhando para solucionar, facilitar e agilizar a entrega
das vendas dos clientes", diz Stelleo Tolda, presidente
do Mercado Livre para a América Latina. "Mas quando
esse gargalo estiver resolvido, podemos oferecê-lo a
terceiros." Entre outros movimentos, os recursos farão
com que o número de funcionários do Mercado Livre
passe dos atuais 5 mil para mais de 10 mil, até o fim do
ano.
A expectativa é que o Mercado Envios, nome da área
de logística, trilhe percurso parecido ao do Mercado
Pago, segmento de serviços financeiros do Mercado
Livre. Nascido para resolver os problemas de
pagamentos dos vendedores do maior shopping virtual
da América Latina, o Mercado Pago levou dez anos
para se tornar relevante dentro da plataforma. Hoje, tem
autorizações do Banco Central para funcionar como
carteira virtual (com direito a rendimento maior do que a
poupança), como processador de pagamentos (e com
maquininhas no varejo físico) e como instituição
financeira (para poder aumentar o limite do crédito,
entre outros serviços). Os serviços são vendidos a
terceiros e os próximos passos são oferecer alternativas
de investimento para quem tem dinheiro no Mercado
Pago, mas sem concorrer com as plataformas do
segmento, como a XP.
Com tamanho crescimento, hoje a área financeira
movimenta mais dinheiro do que o próprio shopping
virtual. O volume de pagamentos processados no ano
passado, nos 18 países da América Latina em que o
Mercado Livre está presente, foi de quase US$ 50
bilhões. Já as vendas das lojas abrigadas na plataforma
somaram US$ 20 bilhões. Em 2019, elas haviam sido
de US$ 28 bilhões e US$ 13 bilhões, respectivamente.
O Brasil responde por pouco mais da metade da receita
líquida da empresa e cresceu 120% em reais, no ano
passado.
Apesar de o Mercado Pago movimentar mais dinheiro
que o marketplace, o retorno para o Mercado Livre é
maior com os vendedores na plataforma. "Um dos
nossos objetivos é incluir as pessoas no sistema
financeiro e, portanto, as taxas cobradas são mínimas",
diz Ricardo Lagreca, diretor jurídico e de relações
governamentais do Mercado Livre.
Há um longo caminho para o Mercado Envios trilhar,
antes de se tornar uma área de negócios. Os R$ 10
bilhões em investimento para 2021 equivalem ao que foi
destinado à rubrica nos últimos quatro anos. Entre
outras coisas, o dinheiro servirá para a construção de
centros de distribuição e contratações para as áreas de
logística e tecnologia.
Longe dos correios. Por outro lado, usar os recursos
para entrar em uma eventual disputa pelos Correios
está completamente descartado. "Os Correios não são
pensados para a eficiência que buscamos", diz Tolda.
"Como brasileiros e grandes usuários do serviço,