ADRIANA FERNANDES - Fim de linha
Banco Central do BrasilO Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
sábado, 13 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Banco CentralClique aqui para abrir a imagemA PEC do auxílio emergencial aprovada esta semana
pelo Congresso foi a última chance real do ministro
Paulo Guedes de aprovar medidas de corte de
despesas permanentes até o término do governo Jair
Bolsonaro.
É fim de linha daqui para frente nesse campo da agenda
econômica. A equipe de Guedes optou e brigou até o
último momento para amarrar a concessão do auxílio a
um conjunto de medidas que desse um norte para a
trajetória das contas públicas nos próximos anos.
Não ganhou tudo. Nem perdeu todo o pacote, como
disse o próprio presidente Jair Bolsonaro a Guedes para
justificar a sua atuação na linha de frente para
desidratar os gatilhos, que são as medidas fiscais a
serem acionadas no futuro para o controle de despesas.
Acabou sendo liberada a progressão automática nas
carreiras, permitindo aumento nos salários.
Bolsonaro subiu no muro se equilibrando entre a base
eleitoral e a (falsa) narrativa de responsabilidade fiscal
que ele abraça toda vez que o mercado financeiro entra
em turbulência com alta do dólar, dos juros e queda da
Bolsa. O saldo final poderia ter sido o auxílio sem as tais
contrapartidas fiscais, que o ministro colocou na mesa
de negociação num jogo de tudo ou nada. Não foi 8
nem 80.Como o cenário pior (de fatiamento da PEC) não se
concretizou, o Ministério da Economia comemora e
monta agora uma força-tarefa para mostrar que foi
aprovada uma "boa PEC", com a derruba-da de vários
destaques retirando todos os gatilhos.Num ambiente de traições dentro do próprio governo, os
integrantes da equipe econômica partiram para a
negociação direta no Congresso nos dias da votação,
entre eles, Roberto Campos Neto. O presidente do
Banco Central foi vítima até mesmo de fake news de
que estaria de acordo com a blindagem aos servidores
das Forças militares. Teve de ir a campo para desmentir
e apoiar a PEC com os gatilhos.Agora, eles trabalham para dar luz aos ganhos da PEC,
mostrar o que "ninguém está vendo": o resto da PEC. A
narrativa é que o texto aprovado muda toda a trajetória
de despesas, como aconteceu com a reformada
Previdência, aprovada no primeiro ano do
governo.Assim como a Previdência, a PEC fiscal não
promove a queda das despesas, mas desacelera.Como muitos economistas mostraram, porém, não há
redução de despesas obrigatórias parajá, uma vez que
as contrapartidas se transformaram em expectativa de
melhoria da despesa futura. O teto de gastos também
continuará pressionando o Orçamento, uma vez que
não houve abertura de espaço nas despesas
obrigatórias, como se esperava no início da discussão
da PEC.As condições aprovadas no texto só garantem o
acionamento dos gatilhos entre 2024 e 2025,
preservando 2022 (ano de eleições) de medidas mais
duras. O reforço do programa Bolsa Família, outro
problema para os políticos, tudo indica estará resolvido
no segundo semestre com a "economia" que será feita