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quarta-feira, 10 de março de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autor: SANDRA BOCCIA
Era uma noite quente de sábado. Festa no jardim e,
entre histórias e risadas, uma amiga comenta: “Delícia
ficar aqui falando bobagem enquanto os meninos (leia-
se maridos e/ou namorados) conversam sobre coisas
sérias. Melhor a gente nem se aproximar”. Todas riram.
E voltaram a falar “bobagens” enquanto, entre eles, o
assunto era business. Saí da roda feminina e entrei no
divertido papo sobre economia. Fui tida e vista como “a
esquisita”, discriminada por olhares indignados e
perplexos. Hoje, entendo melhor. Estávamos nos anos
1990, e a discussão sobre a participação das mulheres
nos negócios ainda era marginal. Segundo as regras da
sociedade do século 20, mulheres "ajudavam” maridos a
compor a renda familiar. As mais ricas, como minhas
amigas, trabalhavam por hobby; jamais para exercer
seus talentos e obter gratificação emocional e
financeira. Pautas como diversidade e inclusão
passavam longe da liderança. Empresário era
substantivo masculino; poucas se atreviam a conduzir
seus negócios em áreas fora do universo da moda e da
beleza. Felizmente, o mundo mudou, embora a
pandemia tenha jogado as mulheres de volta à arena
doméstica de forma aguda, aprofundando
desigualdades e fazendo com que elas voltassem casas
significativas no caminho pela equidade de gênero.
Hoje, mulheres opinam e fazem negócios com mais
naturalidade, porque já têm lastro suficiente para
legitimar suas idéias e ações. Mas o caminho de
mudanças e conquistas ainda é longo. Narrativas que
mostrem o talento e o repertório das mulheres no
mundo dos negócios nunca foram tão necessárias. E
por isso que, pelo quarto ano, construímos uma edição
inteira do calendário somente com mulheres, de ponta a
ponta, tanto na produção interna quanto na audição
externa das fontes e personagens. É um trabalho que
exige dedicação, foco e uma rede de colaboração que
somente a nossa editora executiva Marisa Adán Gil é
capaz de articular. Por aqui na redação, como sempre,
dizemos que esta é uma edição feita por mulheres
sobre mulheres, mas que interessa a pessoas de
qualquer gênero. Agradeço especialmente às jornalistas
e designers e a todas as protagonistas das lindas
histórias confiadas a nossas repórteres. Sou muito grata
também a Inbal Arieli, nossa capa, com quem tive uma