Banco Central do Brasil
Revista Exame/Nacional - Carreira
quinta-feira, 11 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Davos
encontro de boa parte da elite do capitalismo mundial
em Davos, na Suíça.
A discussão surgiu em 2016, ano em que o Fórum
passou a publicar um relatório sobre o futuro do
trabalho. Na época, o gancho era o risco de a
automação limar empregos em até 40% das profissões.
As incertezas da pandemia agregaram preocupações.
Não à toa, a versão 2021 do fórum, à distância, colocou
o reskilling como uma das tendências da próxima
década.
Se bem realizada, a formação continuada da mão de
obra pode trazer ganhos inéditos ao capitalismo
mundial. Um relatório divulgado na versão virtual de
Davos, em janeiro, estimou um acréscimo ao PIB de 6,5
trilhões de dólares — ou 8% da riqueza mundial — até
2030 caso a mão de obra de 57 cadeias produtivas em
140 países passe por algum tipo de qualificação
profissional nesta década.
Nas contas da entidade, os ganhos viriam do aumento
de produtividade em empregos já existentes ou na
criação de novos. No cenário mais otimista, 97 milhões
de empregos poderiam ser abertos até 2025 em
carreiras dependentes de tecnologias promissoras,
como inteligência artificial. “O investimento agora na
requalificação da força de trabalho para demandas do
futuro pode quebrar um círculo vicioso de desigualdade
e ajudar na recuperação pós-covid”, diz Till Leopold,
pesquisador do Fórum Econômico Mundial.
Num país como o Brasil, em que nos próximos três anos
devem sobrar 260.000 vagas de trabalho no setor de
tecnologia por pura e simples falta de gente qualificada,
empresas de vários setores vêm promovendo uma
corrida pelo reskilling. Em dezembro, o varejista online
Mercado Livre anunciou 10.000 bolsas de estudo a
interessados em aprender a criar um software.
Dois meses depois, o aplicativo de entregas iFood
prometeu formar 10 milhões de pessoas em habilidades
do futuro. Quem tem mais tradição nos esforços pelo
reskilling colhe os resultados. Na Via Varejo, que
acabou tendo vendas recordes em 2020 por causa da
digitalização, a formação de mão de obra como a feita
por Martins ajudou a empresa a dar conta da avalanche
de novos pedidos.
O tempo de espera dos clientes para resolver percalços
com a empresa caiu 88% em relação ao normal pré-
pandemia. No gigante de papel e celulose Suzano, mais
de 2.000 funcionários aprenderam conceitos inovadores
da gestão de projetos, como design thinking e
metodologias ágeis. A formação ajudou a empresa a
criar rotinas para minimizar o desperdício de recursos
na fabricação de papel.
“Tenho um livrinho com ideias mapeadas de melhorias”,
diz o engenheiro Guilherme Randi, capacitado como
cientista de dados pela universidade corporativa da
empresa no fim de 2020. Os projetos criados pelo
pessoal formado na universidade corporativa trouxeram
ganhos na casa de 10 milhões de reais à empresa.
O desafio de formar mão de obra para um mercado de
trabalho sacudido pela pandemia também chama a
atenção de governos. Afinal, o isolamento social
dificultou o trabalho das agências públicas de
recrutamento e seleção de pessoal, como o Sine —
quem está disposto a se aglomerar por horas a fio em
troca de uma promessa de emprego?
A solução tem sido formar mão de obra de acordo com
as demandas dos negócios onde as pessoas moram.
“Nosso trabalho é dar match”, diz Patricia Ellen,
secretária de temas ligados à economia e à tecnologia
no gabinete do governador paulista João Doria (PSDB).
Está sob responsabilidade de Ellen a gestão das
escolas técnicas e profissionalizantes ligadas ao
governo paulista, além do Emprega SP, portal estadual