Newsletter Banco Central (2021-03-13)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Revista Época/Nacional - Capa
sexta-feira, 12 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Paulo Guedes

representar a continuidade do posicionamento até aqui
exibido pela companhia. “Ele vem para fazer uma
administração muito mais alinhada ao Planalto e os
sinais do governo mostram que a agenda verde não é
prioritária”, observou Thomaz Favaro, diretor para o
Brasil e Cone Sul da Control Risks, consultoria global de
riscos.


Procurada por ÉPOCA, a Petrobras não respondeu se a
troca na presidência pode ou não dificultar sua
estratégia ambiental. A estatal, entretanto, declarou em
nota enviada à revista que possui algumas metas
claras: “A Petrobras anunciou 10 compromissos de
sustentabilidade em seu Plano Estratégico 2021-2025.
Em relação à transição energética ressaltamos o
compromisso de reduzir as emissões absolutas de
gases de efeito estufa em 25% em 2030 em relação a



  1. Trata-se de uma contribuição concreta, relevante
    e imediata para a redução das emissões de gases de
    efeito estufa, com cobertura de 100% das operações da
    empresa”, afirmou, ressaltando que em 2020 registrou
    redução de emissões pelo sexto ano consecutivo.


A companhia frisou que possui uma série de bons
indicadores entre as petroleiras em termos de emissões,
“graças a uma melhoria de mais de 40% em nossa
eficiência desde 2009”, e que trabalha com um cenário
considerando um valor de US$ 50 por barril no longo
prazo, “compatível com cenários de transição acelerada
alinhados ao Acordo de Paris”.


Pontuou ainda que “está comprometida em produzir
energia acessível para a sociedade, com uma operação
segura, eficiente, de baixo custo e com menos emissões
de carbono. Hoje, de fato, a Petrobras produz petróleo
com menos emissão do que a média mundial, o que
representa uma contribuição real e presente à redução
de emissões”. Para a empresa — que prevê
investimentos de US$ 1 bilhão em compromissos
ambientais até 2025 e frisa que já atua na área elétrica,
além de investir em pesquisa e desenvolvimento de
fontes renováveis —, mesmo com a transição
energética, haverá uma necessidade grande de petróleo
na Terra.


“É uma questão de pouco tempo para que um imposto
sobre carbono seja global. Companhias com grandes
reservas já estão sendo afetadas. Quanto vale hoje a
reserva do pré-sal e quanto valerá em dez anos?”,
questionou Claudio Frischtak, fundador da Inter.B
Consultoria Internacional de Negócios.

“Como diz o velho ditado, ‘A Idade da Pedra não acabou
por falta de pedra’ e a Era do Petróleo não vai acabar
por falta de óleo’”, constatou David Zylbersztajn, sócio
da DZ Negócios com Energia e ex-diretor da Agência
Nacional do Petróleo (ANP). Para ele, a Petrobras está
atrasada em comparação com outras empresas por ter
praticamente quebrado em 2015 — a referência é, claro,
o petrolão, que estourou no ano anterior e quase levou
a empresa ao fundo do poço, com o perdão do
trocadilho — e também devido ao ambiente
monopolista. Em sua opinião, o ideal seria a companhia
tentar parcerias em setores como o da energia eólica ou
solar, e não insistir, por exemplo, no etanol. Spitzeck, da
FDC, pensa na mesma direção. A saída estaria na
aquisição de empresas que trabalham com energia
renovável para permitir uma mudança radical no
portfólio da estatal, que nem de longe é vista como uma
“opção verde”.

Grosso modo, empresas com forte presença estatal,
como a Petrobras, estão mesmo dobrando a aposta em
petróleo e gás, aproveitando a alta recente dos preços.
Algumas buscam novas tecnologias para provar que o
combustível pode ser mais “limpo”, buscando com isso
dar maior sobrevida ao óleo. Empresas privadas,
todavia, focam mais na transformação energética, já
cristalina em países ricos, que traçam metas ambiciosas
para o fim dos carros movidos a gasolina. E isso
justamente após um ano em que os preços do petróleo
despencaram, diante da pandemia do novo coronavírus.

No universo das companhias particulares, porém, há
uma divisão, apontada pelos analistas do setor:
empresas americanas seguem a tendência de bombar
versões menos poluentes do óleo — a Chevron, por
exemplo, acredita que o petróleo ainda representará
47% da fonte global de energia em 2040, embora bem
mais sustentável do que atualmente —, enquanto na
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