Banco Central do Brasil
Revista Época/Nacional - Capa
sexta-feira, 12 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Paulo Guedes
Europa, gigantes do porte da anglo-holandesa Shell, da
inglesa BP, da norueguesa Equinor e da francesa Total
buscam se preparar para um cenário no qual o emprego
de combustível fóssil será bem menor que o atual.
Glauco Paiva, gerente executivo de Relações Externas
da Shell Brasil, sublinhou que a companhia tem o
compromisso de emissão líquida zero até 2050 e que as
operações no Brasil estão em consonância com esse
propósito, alinhado aos objetivos do Acordo de Paris.
“Com linhas de negócio e projetos em hidrogênio,
biocombustíveis, energia solar e eólica, e presença no
mercado livre, nós somos um empresa integrada de
energia. Acreditamos num futuro energético com um mix
diversificado e menos intensivo no uso de carbono”,
atestou ele.
A BP, que em 2020 anunciou a meta de também ser
neutra em carbono até 2050, pretende aumentar em dez
vezes o investimento anual em energia de baixo
carbono, de US$ 500 milhões em 2019 para
aproximadamente US$ 5 bilhões em 2030. Até lá,
garante, aumentará em 20 vezes a capacidade de
produção de energia renovável e reduzirá em 40% a
produção de petróleo — no ano passado, um relatório
da companhia estimou que o consumo do combustível
pode não retornar jamais aos níveis anteriores ao surto
epidêmico do sars-CoV-2. O mercado brasileiro, afirmou
a empresa, é estratégico nessa guinada. Ela atua com
biocombustíveis no mercado nacional desde 2008 e em
2019 fechou uma joint venture com a Bunge Bioenergia,
entre outras iniciativas. Em nota, a BP disse que tem
“não só a oportunidade, mas também uma grande
chance de ser protagonista nessa transição energética,
que irá acontecer e terá impacto em muitos países”.
A Equinor — que se chamava Statoil e em 2018 decidiu
tirar o “oil” (óleo) do nome, mirando o planeta pós-
petróleo — se propõe a zerar suas emissões líquidas
até 2050. A eficiência energética é a chave para
alcançar esse objetivo. “Importante lembrar que hoje a
Equinor é a empresa do setor de óleo e gás que produz
com as emissões mais baixas no mundo”, posicionou-se
a empresa. A diversificação, destacou, é outra de suas
marcas, citando a “geração eólica offshore, por
exemplo, planta eólica com base flutuante”. A Equinor já
tem projetos desse gênero na Noruega natal e na
Escócia, e em 2020 encaminhou pedido de
licenciamento ao Ibama para um projeto de complexo
eólico offshore no Brasil, nos estados do Rio de Janeiro
e do Espírito Santo, com capacidade total de 4 GW e
potência instalada suficiente para abastecer 2 milhões
de residências.
Quem também decidiu mudar de nome foi a Total:
depois de uma assembleia marcada para maio, a
companhia deverá se chamar TotalEnergies. A nova
marca “vai simbolizar nossa estratégia de transformação
para uma empresa de energia abrangente”, afirmou seu
presidente, Patrick Pouyanné. A companhia está
investindo pesado em energias renováveis e quer que,
em dez anos, o petróleo represente no máximo um terço
de sua produção, em comparação a mais da metade
hoje em dia.
De volta ao Brasil, rebatizar a Petrobras, algo que nem
sequer está em debate, não tirará as manchas de óleo
— e do passado — da estatal. O nome do produto
capaz de fazer isso é futuro. Não há outro remédio.
Assuntos e Palavras-Chave: Banco Central - Perfil 1 -
Paulo Guedes