H.G. - Uma dose de Seinfeld para quem sentia falta
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Revista Época/Nacional - Hélio Gurovitz
sexta-feira, 12 de março de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autor: Helio Gurovitz
Meia hora por dia. Era a dose de Seinfeld de que
precisei durante muitos anos para sobreviver. O ritual
sagrado no fim da noite encerrava com um pouco de
riso um dia de trabalho quase sempre duro, por vezes
infernal. O célebre “show sobre o nada”, para mim a
melhor série já feita na televisão, fazia esquecer política,
economia e toda a chatice do noticiário. As “minúcias
excruciantes de cada evento diário” na vida de quatro
amigos expunham o ridículo essencial de toda
existência humana. Algumas das nove temporadas
foram melhores, outras piores. A parceria entre Larry
David e Jerry Seinfeld rendeu ao todo 173 episódios.
Consagrou um espírito traduzido em personagens,
cenas, olhares, trejeitos e expressões usadas até hoje
— como esquecer “yada yada”, “soup nazi”, “serenity
now” ou “master of your own domain”? Como Chaplin,
Seinfeld virou adjetivo. Quantas vezes ao dia
deparamos com situações seinfeldianas? Depois que a
série acabou, em 1998, revia diariamente as reprises.
Até que acabaram. Assistir no DVD já não tinha o sabor
de ligar a TV sem saber qual seria o episódio do dia e,
por sorte, ser premiado com um favorito.
Em 2007, surgiu a oportunidade de mais meia hora:
uma entrevista exclusiva com o próprio Seinfeld,
publicada em ÉPOCA. Ele ainda não era o senhor que
hoje tem quase 67 anos. De lá para cá, participou de
outros programas, filmes, lançou especiais em serviços
de streaming e procurou, aos poucos, voltar ao que
fazia no início da carreira. “Custou-me muito esforço dar
toda a volta na pista para descobrir finalmente que a
chegada fica exatamente onde eu queria estar no
começo”, escreve Seinfeld no recém-lançado Será que
isso presta?. Nos tempos de YouTube e outras redes
sociais, em que as novas gerações passaram a se
interessar por outro tipo de humor, Seinfeld voltou à
stand-up comedy, modalidade tradicional em que o
comediante tenta segurar o riso da plateia em pé diante
de um microfone, apenas no gogó, como fazia o
personagem-título da série que o consagrou. Será que
aquele tipo de piada, anterior à internet ou ao celular,
ainda sobrevive?
Os 413 esquetes reunidos no livro, divididos nas cinco