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Revista Isto é/Nacional - Editorial
sexta-feira, 12 de março de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas
“venezuelizar” uma Nação inteira, enquanto se disfarça
na pele de liberal que nunca lhe caiu bem? E o que
dizer de seu antípoda? Lula, o camaleão político capaz
de adequar o figurino “paz e amor” enquanto saqueia as
entranhas e os tesouros estatais, aparelhando a
máquina, expert em promover chicanas legais para se
safar do patíbulo? Dois monstros de um mesmo
labirinto. Precisavam estar enclausurados no mais
remoto esquecimento, relegados ao chiqueiro
malcheiroso do que há de pior e medíocre na
humanidade. Lula não deixou de ser moralmente e na
letra da Lei o ficha-suja que sempre se mostrou. Nem
Bolsonaro conseguirá apagar a mácula autoritária e
xucra de seus vitupérios. Não há mais como negar, a
combinação putrefata do Bolsopetismo se concretizou
na prática. Estão presentes e pendentes essas forças
antagônicas, de hordas de seguidores tão alienados
como veneradores de semideuses das trevas. Amantes
da patifaria se reaglutinam em torno de cada líder na
busca de um novo esquema de controle, capaz de
mantê-los na sela do privilégio e da hegemonia de
pregações alucinadas.
A promover o pérfido embate, colocando na
encruzilhada das decisões dois Minotauros tão temidos
como adorados, encontram-se (quem diria!) os
paladinos da Justiça, bastiões da moralidade pública,
senhores do universo e da lei no Supremo Tribunal. A
eles legada a culpa pela algazarra de decisões
inexplicáveis. Ou alguém entende? Invocam questões
processuais para libertar de acusações o endiabrado
barbudo, embora reiterem seus crimes de corrupção,
fartura de benesses ilegais e arranjos sorrateiros da
marginalidade mais hedionda. A materialidade das
transgressões monumentais de Lula é do conhecimento
até do mundo mineral. Tal como a série infindável de
crimes de responsabilidade do Messias Bolsonaro, mito
que bota pra quebrar, faz e acontece à revelia da Lei, no
sobranceiro atrevimento de quem se considera
inimputável. E os senhores magistrados relevam os
abusos dos dois! Destamparam o bolor e liberaram o
odor fétido de uma contenda sem sentido. Não há leigo
ou conhecedor de causa que endosse tais práticas e
mirabolantes saídas. Estaríamos irremediavelmente
condenados ao desfecho fatídico de escolher entre o
péssimo e o pior? Talvez não. Claro, a maioria dos
cidadãos está plenamente convencida de que o Brasil
não se encontra hoje como a Inglaterra do imediato pós-
guerra, vivendo a vigília de um fatídico embate eleitoral
entre Winston Churchill e Clement Attlee. Quem nos
dera! Optar entre o ótimo e o bom. Naturalmente, o
Brasil não é a Inglaterra; e não é, também, sequer a
Itália, recém-saída da treva fascista, indo às urnas para
viver o dia luminoso da democracia reconquistada. A
próxima eleição majoritária, por aqui, nos reserva
desafios inigualáveis. Uma batalha travada entre os dois
prepostos de Minotauro, de democrática não tem coisa
alguma. O candidato Bolsonaro tem o respaldo do
sonho continuísta de um grupo de senhores, alguns
feudais, que não querem largar o poder aviltado por eles
mesmos. Tem o respaldo da sua própria obstinação, da
sua empáfia, da sua clamorosa falta de senso de
correção, da sua peculiar capacidade de conceber a
coisa pública como privada — quer dizer, de sua
exclusiva e plenipotenciária propriedade, dos filhos e
mais chegados. Tem o respaldo de uma fatia exígua da
sociedade que supõe ser a vida uma espécie de assalto
diário aos interesses da maioria desvalida. Tem o
respaldo de certas zonas de ignorância e dos recalques
pequeno-burgueses, esses que, em outros tempos e em
outros cantos, geraram o fascismo. O candidato Lula,
por sua vez, tem o respaldo de tudo mais dos crentes
na impunidade, sem contar — e isso pesando
inexpugnavelmente contra — a habilidade administrativa
em maquiar desvios. O demiurgo de Garanhuns
representa o sistema velho de guerra do
assistencialismo, do clientelismo tolo e perverso, do
mau humor nas ruas, do fracasso rotundo de 16 anos
de prepotência petista, um governante venal que
sobressai dos escombros de um pseudopartido dos
trabalhadores. É preciso a busca incessante e coletiva
por uma opção de centro, equilibrada e sensata,
separando o joio do trigo, que nos livre do turbilhão de
incertezas desses salvadores da pátria, messiânicos,
aloprados. É vital a reintrodução no teorema eleitoral de
uma alternativa civilizatória contra o caos imoral dos
arrivistas de plantão. A disputa, como se vê, é desigual
e ambígua. Não se pode pender tanto nem a um lado,
nem ao outro. O desequilíbrio pode levar a ameaças