Newsletter Banco Central (2021-03-13)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Revista Isto é/Nacional - ECONOMIA & NEGOCIOS
sexta-feira, 12 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Paulo Guedes

grande instabilidade econômica. Apenas em 2020,
5.500 indústrias fecharam as portas, segundo pesquisa
da Confederação Nacional do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo. Também há a insegurança jurídica
causada com a novela da operação Lava Jato como um
dos fatores que afasta o investidor externo.


A década perdida de 1980 está sendo revivida de
acordo com economistas e é como se o Brasil não
tivesse avançado nada em 10 anos. A instável política
econômica do ministro Paulo Guedes e a
insensibilidade do presidente da República, que ignora a
necessidade de crescimento, consolida a descrença no
País. Para o economista Gustavo Braga, “o presidente
da República deixou claro não se importar com seus
principais parceiros internacionais, nem com as
consequências econômicas de uma pandemia global”,
afirmou.


Muitas das empresas que estão deixando o País o
fazem por total desinteresse no mercado com
consumidores de renda mais baixa, preferindo países
com desenvolvimento mais acelerado. A Roche
programou sua saída a partir de 2023. Patrick Eckert,
presidente da Roche Farma Brasil, diz que “a estratégia
global da empresa para o segmento de medicamentos
sintéticos é concentrar os esforços em produtos
inovadores de alta complexidade e baixo volume de
produção”. Multinacionais avaliam a situação econômica
de longo prazo, e de nada adianta colocar a culpa na
Covid-19. O mercado nacional está muito atrás dos
países emergentes. Prova disso é que não figura mais
entre as 10 principais economias mundiais. O PIB caiu
4,1% em 2020 e o levantamento da Austin Rating –
agência de classificação de risco – de 9ª economia em
2019, o Brasil irá para 14º lugar em 2021. A queda é
temerária. Em 2015 e 2016, o PIB já havia caído 3,5% e
3,3%, respectivamente. Não há nada que aponte para
uma recuperação maior no curto e médio prazo.


O achatamento da classe média e o empobrecimento da
nação acentua a fuga de empresas. O economista


Vladimir Maciel lembra que marcas de luxo perdem a
cada dia o sentido de continuar produzindo em um País
que reduz a massa de compradores de produtos com
grande valor agregado. Os carros de luxo são os
melhores exemplos. “A multinacional prefere ir para
onde tem consumidor com alto poder de compra, sem
desemprego e com poder aquisitivo em elevado”, diz
Maciel.

O incentivo ao empreendimento de novas indústrias
também é um obstáculo. A burocracia não estimula a
produção. Nada há planejado por uma política de
industrialização mínima. Exceção feita ao agronegócio,
que caminha com as próprias pernas, a produção
interna não tem nenhum norte institucional a seguir. O
isolamento internacional, seja nas questões de acordos
multilaterais, seja na imagem nas políticas voltadas para
o meio ambiente, saúde e educação são fatores que
pesam negativamente na atração de novos
investimentos. O melhor cenário de retomada após a
pandemia não anima para que empresas de todo o
mundo voltem a olhar com algum apreço e respeito ao
País. O encanto acabou.

Assuntos e Palavras-Chave: Banco Central - Perfil 1 -
Paulo Guedes, Banco Central - Perfil 3 - Reforma
Tributária
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