ARTIGO - Uma matança em andamento
Banco Central do BrasilRevista Isto É Dinheiro/Nacional - Artigo
sexta-feira, 12 de março de 2021
Cenário Político-Econômico - ColunistasClique aqui para abrir a imagemClique aqui para abrir a imagemAutor: Edson Rossi
Não é apenas a Covid-19 que mata, apesar de o pífio
combate ao coronavírus ser parte da culpa. Há outro
horror: o Brasil não consegue empregar seus jovens.
Num país que passa incólume por matar 43 mil pessoas
por ano (uma a cada 12 minutos) e que já velou 270 mil
vítimas de Covid-19 (uma a cada 2 minutos), é difícil
falar de vida. Mas o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) divulgou na quarta-feira (10) dados
de uma verdadeira matança: o desemprego entre os
jovens. O índice de 42,7% de desocupação para
aqueles que têm entre 14 e 17 anos é três vezes maior
que a já desesperadora média geral de 13,9%. Na faixa
imediatamente acima, os que têm de 18 a 24 anos, o
porcentual é igualmente assustador: 29,8%. Isso
significa que um a cada três brasileiros na idade
decisiva para seguir seu caminho profissional e sua vida
produtiva não encontra o que fazer. Nada. Não se trata
de um emprego na área escolhida. No sonho. Trata-se
de nenhum emprego. Essa é a verdadeira tragédia da
temporada 2020 da economia nacional. A morte da
esperança.Ao tirar dessa parcela de brasileiros o trabalho, muitas
vezes o primeiro emprego, a turma de Paulo & Jair
deveria pedir desculpas ao País e entregar o posto. Deu
ruim. Não fizeram o que disseram que fariam. Não
tiveram talento. Competência. Dom. Numa empresa
normal, a dupla no mínimo teria seus nomes colocados
naquele canto inferior esquerdo no quadrante da
avaliação anual. Claro que o temor do desemprego
entre jovens não é problema em qualquer família. Se
seu filho é empreendedor de sucesso e pode comprar
uma mansão por R$ 6 milhões (menos R$ 30 mil) isso
nem deve passar pela cabeça. Ou pelo coração. Mas
que pelo menos passe pelo intestino ou estômago —
um princípio consagrado ao dar aulas é não fazer com
os filhos dos outros o que você não gostaria que
fizessem com o seu. Lido no espelho fica assim: só dê a
seu filho o que daria ao do outro. Inclusive as mesmas
condições de competir por uma vaga de emprego. O
que os números do IBGE mostram é que não há
igualdade na disputa. Ponto. Simples assim.