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Banco Central do Brasil

Revista Meio & Mensagem/São Paulo - Editorial
terça-feira, 9 de março de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: BÁRBARA SACCHITIELLO


A sensação de que o ambiente corporativo está sempre
um passo atrás na questão de gênero não tira a certeza
de que o movimento por um mercado mais justo e


igualitário é irrefreável

Em 2013, ano em que Meio & Mensagem deu início ao
projeto Women to Watch no Brasil, o elemento que
permeava grande parte das reportagens sobre
lideranças femininas era o questionamento sobre como
as profissionais haviam conseguido trilhar uma carreira
de sucesso conciliando as planilhas e reuniões do
trabalho com os compromissos da vida doméstica.
Longe de ser anacrônica — afinal, essa necessidade de
equilibrar diversas responsabilidades não saiu do
cotidiano ao longo desses oito anos —, tal consideração
se tornou rasa aos olhos da evolução da pauta da
equidade de gênero.

Já não é mais razoável, hoje, enxergar essa suposta
capacidade de execução de múltiplas tarefas sem
percebê-la como fruto de um arranjo social que, por
séculos, atribuiu às mulheres o papel de esteio
doméstico. A ocupação de espaços no mercado de
trabalho apenas se sobrepunha como mais uma — e
árdua — responsabilidade. Da mesma forma, tornou-se
inconcebível para as marcas não levarem as discussões
sobre diversidade, representatividade e inclusão para o
centro de sua engrenagem de negócios.

Acompanhar o processo de maturação do ambiente
corporativo nos últimos anos traz a sensação de que a
capacidade do mercado de perceber e corrigir as
profundas feridas estruturais da equidade de gênero
sempre está em um ritmo mais lento do que a urgência
com a qual novas e complexas questões irrompem na
sociedade.

Se, há alguns anos, foi gritante a percepção da
discrepância entre homens e mulheres nos mais altos
cargos das corporações, hoje já é igualmente ruidoso —
e incômodo — o alerta do quão esses ambientes ainda
são pouco acessíveis a pretas, pardas, LGBTQIA+ e
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