Banco Central do Brasil
Revista RI/Rio de Janeiro - CAPA
quarta-feira, 10 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Selic
impressionou, principalmente porque a Ambipar não é
uma marca de varejo, mas sim uma companhia que
atua B2B no setor de gestão ambiental. Vejo que os
jovens que estão indo para a Bolsa procuram investir
em negócios comprometidos com as boas práticas
ESG, querem fazer parte desse movimento”, diz Castro.
Carlos Lazar, que acaba de assumir como CSO da
Wiser Educação, uma empresa de capital fechado,
liderou as áreas e Relacionamento com Investidores de
grandes companhias abertas: XP, a Kroton que hoje é
Cogna e a CSU, e com sua base de conhecimento,
defende a criação do departamento de RI de forma
consistente antes das ofertas iniciais de ações. “As
empresas ganham muito com isso porque os
profissionais evoluem na estruturação do IPO,
conhecem o business, o que vai ajudá-los a traduzir a
companhia para o mercado.”
Outro ponto, de acordo com ele, é que os bancos de
investimento têm foco na venda do projeto do IPO,
porém o “day after”, isto é, as demandas e situações
que costumam ocorrer depois não são muito
comentadas. “Conversando com alguns DRIs
estatutários de companhias que fizeram IPOs nos
últimos meses, notei que muitos deles ainda tinham
dúvidas sobre a dinâmica após abertura de capital”,
comenta. Lazar acredita que o “day after” é tão ou mais
complexo que o próprio processo de IPO. Segundo ele,
todo o trâmite da operação é apoiado por advogados,
pelos bancos e outros consultores, mas depois do IPO,
comumente, as empresas se sentem “órfãs” diante de
diferentes desafios – tem toda a parte regulatória,
aculturamento da companhia sobre o que pode ou não
ser divulgado, o compromisso de comunicar os
resultados e fatos relevantes com transparência, assim
como as reuniões de relacionamento com investidores.
Ele destaca que caso as empresas tenham dificuldade
para contratar e estruturar toda a equipe de RI em um
primeiro momento, um caminho pode ser recorrer a
consultorias especializadas para darem suporte nas
atividades da área.
Em relação à XP, Lazar comenta que entrou para
comandar o setor de RI em janeiro de 2020, um mês
após a realização do IPO na bolsa americana Nasdaq,
onde a companhia captou US$ 2,25 bilhões. Porém,
todo o processo tinha sido acompanhado de perto por
uma analista. “Fiquei um período curto, mas muito
intenso na XP. Foi uma escola fantástica, pois trata-se
de uma empresa com uma cultura diferenciada.
Estruturar a área de RI de uma empresa listada na
Nasdaq foi uma experiência nova para mim, defini as
linhas de comunicação, o atendimento e procurei deixar
os processos rodando como um relógio”, diz Lazar.
Melhores práticas e mais atribuições
Historicamente, os departamentos de RI focaram nos
investidores institucionais nacionais e estrangeiros. No
entanto, está havendo uma entrada gigantesca de
pessoas físicas na Bolsa. Já são mais de 3,4 milhões de
pessoas físicas investindo na B3, um aumento de 101%
em relação ao final de 2019. E o fluxo continua.
Nesse contexto, o time de relacionamento com
empresas listadas da B3 e o IBRI fizeram, em parceria
com a MZ Group, a pesquisa “Perfil do relacionamento
das áreas de RIs com Investidor Pessoa Física”. O
levantamento envolveu 66 companhias de 20 setores
em dezembro de 2020 e os resultados foram divulgados
no final do mês passado, indicando uma série de
desafios.
Conforme a pesquisa, as equipes de RIs são pequenas,
sendo que 73% das empresas contam com até 3
pessoas na área. Apenas 35% das companhias
possuem profissionais que atuam diretamente no
atendimento aos investidores.
Além disso, 60% das empresas alegam conhecer -
metade profundamente e outra metade de maneira
superficial, o perfil de sua base de investidores pessoas
físicas. No entanto, a maioria reconhece que se