Banco Central do Brasil
Revista RI/Rio de Janeiro - Noticias
quarta-feira, 10 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Bitcoins
regulação sobre a venda a descoberto, ou pelo menos
maior transparência, e já começaram discussões sobre
a introdução da informação de vendas a descoberto
oficialmente nos relatórios 13F. Vale destacar que essa
é uma questão que o National Investor Relations
Institute (NIRI) vem pressionando junto à SEC por
vários anos, e que agora ganhou o reforço de milhares
de usuários do Reddit. O NIRI, juntamente com diversas
associações de RI mundiais, conseguiu barrar uma
tentativa recente da SEC de elevar o limite mínimo de
divulgação de informação de propriedade de ações
pelos fundos de investimento, uma mudança que
afetaria a transparência do mercado americano ainda
mais. Os hedge funds, por outro lado, pensam o
contrário: o que possibilitou esse short squeeze de
GameStop foi justamente a informação pública de
vendas à descoberto. Não será uma discussão fácil, e
nós como RIs precisamos acompanhar de perto essas
discussões e possíveis mudanças regulatórias.
Ou seja, a grande novidade agora é a força dos
investidores de varejo, obtida por meio das mídias
sociais. Segundo Tiger Williams, investidor institucional
veterano em Wall Street, “os investidores individuais
estavam sempre errados. Agora não mais. Agora temos
50 milhões deles, todos operando juntos, e agora eles
fazem a diferença”. Inclusive até para forçarem
mudanças nas leis.
Empresas, investidores, legisladores, todos precisam
entender cada vez melhor quem é esse novo investidor
pessoa física das bolsas mundiais, que tanto no
mercado americano como no brasileiro já representam
25% de todo o volume negociado. No Brasil, essa
tendência já vem sendo acompanhada de perto pela
CVM, que têm regulado o relacionamento entre
empresas e influenciadores digitais e sido bastante
vocal sobre suas posições nesse sentido. Ainda
estamos longe de ser 50 milhões, estamos chegando
aos 5 milhões, mas a estabilidade econômica e a
manutenção da taxa de juros em níveis baixos no Brasil,
aliada a um mercado com cada vez mais opções em
termos de empresas abertas, corretoras, casas de
análise independentes e aplicativos de informações
tendem a impulsionar esse crescimento.
E qual a diferença entre o fórum de investidores da
Reddit e nosso Fintwit aqui no Brasil? Precursor da
Fintwit (entendedores entenderão), o Fórum da ADVFN
também era lotado de perfis com nomes curiosos, sem
foto ou identificação. Por aqui também vemos traders
postando suas carteiras, suas telas, seus ganhos e
perdas, e memes impagáveis. Seria possível algo
semelhante acontecer por aqui?
Para Guillermo Parra-Bernal, sócio do TradersClub,
uma das principais plataformas brasileiras de
investimentos para pessoas físicas, “uma ação como a
do grupo WallStreetBets dificilmente poderia dar certo
no Brasil, por conta das regulações da CVM e a
experiência da B3 – ambas impediram que o movimento
dos sardinhas nas ações da IRB Brasil criassem um
evento de liquidez. Claro, ninguém gosta que dificultem
suas operações, mas às vezes controlar a emoção é o
melhor que alguém pode fazer pelo investidor”.
Em situações como a da GameStop, a transparência e a
segurança se tornam elementos fundamentais e
desafios para os RIs e as plataformas de investimentos
como o TC, ele disse. “Estamos vivendo uma grande
revolução no nosso mercado. O compromisso do
mercado organizado é municiar uma nova geração de
investidores com as ferramentas certas para que
invistam com mais segurança e assertividade”, disse
Parra-Bernal.
Para os RIs, ficam várias mensagens e aprendizados. A
grande maioria das empresas já percebeu que esse
novo investidor de varejo demanda informações e
atendimentos diferenciados, e tem trabalhado para se
aproximar desse público de maneira efetiva. A demanda
é por uma segmentação do atendimento do RI que não
é de fácil implementação em equipes enxutas como as
que temos no Brasil. Por essa razão, o futuro exigirá