Newsletter Banco Central (2021-03-13)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Revista Veja/Nacional - Brasil
sexta-feira, 12 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Paulo Guedes

adoção de lei seca na madrugada e fixação de horários
para toque de recolher. A criação de regras nacionais é
uma das preocupações dos governadores, acossados
por protestos em razão das políticas de fechamento do
comércio que eles vêm sendo obrigados a adotar.


Para evitar novos ruídos e outra deterioração do
ambiente, o grupo deverá ser coordenado pelos
presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do
Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que chegaram ao
cargo graças ao Planalto, mas que têm sido importantes
na construção de pontes entre os entes do Executivo —
foi Lira, por exemplo, quem atuou como bombeiro para
impedir que Bolsonaro fosse à TV fazer um
pronunciamento crítico aos governadores.


O esforço concentrado já começou a render frutos. Com
atuações decisivas de Lira e Pacheco, o Congresso
aprovou o projeto de lei 534/2021, que destravou a
compra de vacinas da Pfizer, e a MP 1?026/21, que
autoriza estados e municípios a adquirirem imunizantes.
A solução para o impasse com a Pfizer provocou duas
imagens pouco comuns de Bolsonaro. O presidente,
que se recusava a comprar o fármaco alegando que o
laboratório queria se isentar de efeitos colaterais (o PL
aprovado resolveu a questão), fez uma reunião virtual
na segunda-feira com o CEO da farmacêutica, Albert
Bourla, na qual pediu a antecipação de vacinas de um
contrato para até 100 milhões de doses. A negociação
envolveu até a participação ativa do ministro da
Economia, Paulo Guedes. Bolsonaro enalteceu a
empresa e disse que gostaria de fechar o acordo em
razão da “agressividade que o vírus tem apresentado no
Brasil”. A outra imagem incomum ocorreu dois dias
depois, no Palácio do Planalto, quando ele apareceu
usando máscara para sancionar o projeto e a MP. O
presidente citou a mãe, Olinda Bolsonaro, de 93 anos,
que recebeu duas doses da CoronaVac. A mudança de
postura atingiu até os filhos Flávio e Carlos, que se
mobilizaram nas redes sociais para propagandear que o
pai sempre foi um adepto da vacinação. O presidente,
no entanto, segue criticando as medidas de isolamento
social e fechamento do comércio adotadas pela maioria


dos governadores.

O movimento na direção certa se valeu até dos erros do
país para tentar conseguir mais vacina. A crítica
situação do Brasil em nível mundial — com mais de
270?000 mortos, tem 10% das vítimas da doença no
planeta (2,62 milhões) — serviu para os brasileiros
baterem com força em portas internacionais. Arthur Lira
enviou um ofício ao embaixador da China, Yang
Wanming, pedindo um “olhar amigo, humano e
solidário” do maior fornecedor de vacinas e insumos
hospitalares do mundo. O número 2 de Pazuello, o
secretário executivo Élcio Franco, enviou ofício ao
mesmo Wanming pedindo ajuda para comprar 30
milhões de unidades da vacina chinesa Sinopharm e
apresentou uma justificativa dramática: “A campanha
nacional de imunização corre risco de ser interrompida
por falta de doses”, disse. O próprio Pazuello se reuniu
com representantes ligados à Organização Mundial da
Saúde para pleitear o envio imediato de doses do
consórcio Covax Facility, do qual o Brasil é signatário,
com direito a 42,5 milhões de unidades.

Mas não só de poder público vive esse esforço
concentrado. Tem sido cada vez maior o engajamento
de empresários para ajudar a destravar o andamento da
vacinação. O movimento Unidos pela Vacina (UPV),
liderado por Luiza Trajano, do Magazine Luiza, vem
conversando com governadores e prefeitos para
identificar e sanar gargalos na campanha de
imunização. Segundo Eduardo Sirotsky Melzer, CEO da
EB Capital, a iniciativa, que envolve mais de 400
empresas, mobiliza os seus apoiadores para procurar
diálogo com os governantes mais próximos. “Isso deu
muita escala, velocidade e precisão no diagnóstico de
cada região”, afirma. O movimento fez ainda uma
pesquisa sobre os gargalos de vacinação em cada
município — metade dos prefeitos respondeu. Os
pedidos, segundo Melzer, incluem de geladeira com
termômetro para guardar vacinas a rede de Wi-Fi para
informatização de cadastros. As quatro empresas
aéreas do Unidos pela Vacina — GOL, Latam, Azul e
VoePass — transportam imunizantes a pedido do poder
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