PONTO DE VISTA - Caminhos de Bolsonaro
Banco Central do Brasil
Revista Conjuntura Econômica/Nacional - Ponto de Vista
quinta-feira, 11 de março de 2021
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Autor: Samuel Pessoa
Na sexta-feira, 19 de fevereiro último, Bolsonaro demitiu
o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco. Há
duas interpretações para o evento. É possível lê-lo
como uma virada populista do presidente. Seria mais
um episódio de tantos outros que sinalizam que o
presidente fará o que for possível e impossível para se
reeleger. Assim, o momento em que o ministro Paulo
Guedes será trocado se aproxima. Mais cedo ou mais
tarde haverá novas rodadas de conflito entre a
estabilidade macroeconômica e a reeleição. Ou Paulo
Guedes hipoteca a responsabilidade fiscal, como, por
exemplo, Guido Mantega fez em 2013/2014, para a
reeleição, ou ficará pelo caminho.
Outra leitura é bem mais cheia de nuances. É fato que o
tema do preço de combustíveis é sensível em qualquer
lugar do mundo. Todos os problemas que o presidente
da França teve nos últimos anos com as manifestações
dos “coletes amarelos” foram detonados por uma
elevação dos preços da gasolina.
Além disso, historicamente, a sociedade brasileira não
decidiu regular o setor de produção e comercialização
de derivados de petróleo de forma competitiva. Não
adotamos o modelo americano, em que a regulação do
setor é privada, a cargo de inúmeras empresas. Por
aqui sempre apostamos no modelo europeu continental,
em que uma grande estatal monopoliza boa parcela das
atividades. Evidentemente esse modelo torna o
presidente da República muito mais exposto às ações
dos grupos que se sentem prejudicados.
Os caminhoneiros se deparam com dois problemas.
Primeiro, o nível do preço do combustível. Segundo, a
sua variabilidade. Não é possível corrigir o primeiro sem
comprometer a rentabilidade da empresa. Mas é
perfeitamente possível adotar uma regra de fixação de