Newsletter Banco Central (2021-03-13)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Revista Conjuntura Econômica/Nacional - Capa
quinta-feira, 11 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

transferências caiu para a metade, ou R$ 300. Mas ele
aponta, alinhado à análise de Silvia, a carência de visão
da equipe econômica sobre a extensão da crise e a
necessidade de buscar alternativas futuras para mitigar
os efeitos de sua persistência. Em webinar promovido
pelo FGV IBRE em parceria com a Folha de S.Paulo em
fevereiro (http://bit.ly/3szOPzT), Veloso indicou, por
exemplo, que a ausência de um olhar prospectivo
resultou em um processo arriscado de votação da PEC
emergencial para liberar a nova fase do auxílio, que em
sua primeira versão apresentada pelo governo ao
Congresso incluía temas polêmicos e complexos como
o fim do gasto mínimo com saúde e educação. “Já havia
uma proposta de PEC Emergencial tramitando no
Congresso no ano passado. Se fosse priorizada,
poderia-se discutir as contrapartidas fiscais necessárias
para um aumento de gasto com muito mais calma, sem
tomar decisões de afogadilho”, afirmou. Até o
fechamento desta edição, o plano do governo era de
que a nova rodada do auxílio durasse 4 meses, com
transferências que variam entre R$ 150 e R$ 375 e
beneficiariam cerca de 45 milhões de pessoas.


Veloso também ressalta a importância de que o governo
estimule a articulação do debate em torno da revisão do
Bolsa Família. O ideal, diz, é que uma nova política
esteja pronta para funcionar na saída dessa nova etapa
do auxílio, adaptada às demandas intensificadas pela
pandemia. O pesquisador defende a proposta que
desenvolveu junto a outros pesquisadores para o Centro
de Debate de Políticas Públicas (CDPP), incorporada no
projeto de Lei de Responsabilidade Social apresentado
no ano passado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-
CE). A proposta contempla uma política diferenciada
para a educação, com uma poupança formada por
valores que vão sendo depositados na conta do
estudante desde o início do ensino fundamental, e que
pode ser sacada ao se formar no ensino médio,
incentivando-o a concluir seus estudos. Outro foco-
chave do programa, descreve o pesquisador, é o
tratamento aos trabalhadores vulneráveis. “Propomos
um seguro-poupança formado com o depósito de até
15% da renda de trabalhadores formais e informais cuja
renda seja muito variável”, diz, como um seguro-


desemprego, ressaltando que a pandemia exacerbou a
realidade de desproteção dos trabalhadores informais,
bem como dos formais de baixa renda.

Os pesquisadores do IBRE são unânimes em apontar a
fraqueza do mercado de trabalho como outro elemento
que conspira para um 2021 preocupante. A taxa de
desocupação no Brasil pré-pandemia já estava alta em
2019, em 11%, fechou 2020 em 13,9%. “Ainda temos
que levar em conta a taxa de subutilização da força de
trabalho, ou seja, de pessoas que gostariam trabalhar
mais, ou que desistiram de buscar emprego mas
queriam estar trabalhando, de 28,7% no final do ano
passado”, destaca Borges. A estimativa do IBRE é de
que o desemprego ainda aumente neste início de ano.
Somente do lado do emprego formal, o Programa de
Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), que no
ano passado garantiu a suspensão ou redução de
jornada de trabalho de cerca de 10 milhões de pessoas,
ainda não teve uma nova rodada confirmada. Entre os
principais participantes do programa encontram-se
empresas do segmento de serviços fortemente afetadas
pela pandemia em 2020, e que com as novas restrições
adotadas, como toque de recolher, continuarão sendo
impactadas. Em matéria da Conjuntura Econômica de
fevereiro o presidente da Associação Brasileira de
Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci,
apontou que 77% dos associados afirmavam que sem a
prorrogação do Programa de Manutenção de Emprego
e Renda (BEm), o negócio estaria sob risco de fechar
definitivamente.

Entes subnacionais
Aloisio Campeio, superintendente de Estatísticas
Públicas do FGVIBRE, afirma que a redução dos
estímulos sem contrapartida na reação do mercado de
trabalho é sentida pelos consumidores, que nas
sondagens realizadas pelo IBRE têm apontado um
comportamento cauteloso. “Os mais informados
percebem o impacto da dívida pública, os menos
informados, a incerteza quanto ao emprego e a
inflação”, diz, indicando que os resultados não apontam
a uma decisão de consumo que promova uma potente
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