Dragões - 202102

(PepeLegal) #1

“Gostava do Ronaldo


Fenómeno. Não


queria ser igual a


ele, porque isso é


impossível, como é


impossível ser-se


igual ao Cristiano


Ronaldo ou ao Messi,


mas podemos tentar


aproximar-nos


desse nível.”


REVISTA DRAGÕES FEVEREIRO 2021


Q


uando era mais
novo gostava
de Ronaldo, o
Fenómeno, mas
sempre teve claro que não
queria ser a imitação de
ninguém: porque as cópias
nunca são fiéis, e cada um é
como é. A ser como é, Taremi
chegou a um dos melhores
clubes do Irão, transferiu-se
para o Qatar e disputou o
Mundial da Rússia, em 2018,
antes de cumprir o sonho que
já era antigo de se mudar para
a Europa, mesmo a abdicar de
muito dinheiro. Na seleção,
trabalhou com uma equipa
técnica portuguesa e habituou-
se a um nível de exigência
que o ajudou a evoluir. Agora
já não tem ídolos, mas quer
ser o ídolo dos outros. Pelo
que tem mostrado, potencial

não lhe falta para alcançar
esse estatuto no FC Porto.

Como é que o seu percurso
é acompanhado no Irão?
O futebol no Irão é como aqui,
quase toda a gente gosta de
futebol. Numa população de mais
de 80 milhões de pessoas, uns
60 milhões são fãs de futebol e
seguem-no como em Portugal.
Nesta altura, por eu estar aqui
e por causa de outros iranianos
que estão no Marítimo e no
Santa Clara, os adeptos seguem
a liga portuguesa e estão muito
felizes com a minha situação.

Há pouco disse que começou
a jogar futebol aos seis anos.
Como é que a sua carreira
evoluiu até chegar à Europa?
Comecei a jogar futebol com o
meu pai, que foi o meu treinador
até aos 16 anos. Às vezes treinava
três ou quatro vezes por dia,
porque tinha o treino de futebol, a
seguir ia para o de futsal e à noite
jogava futsal com os meus amigos.
Depois mudei para outro clube,
e quando fui transferido outra
vez, com 19 anos, estive um ano e
meio sem jogar. Regressei à minha
equipa, fui o melhor marcador
da segunda divisão e mudei-me
para a melhor equipa da primeira
divisão, o Persepolis. As coisas
correram-me bem. No segundo
e no terceiro ano fui o melhor
marcador e o melhor jogador do
campeonato. Depois fui para o

Qatar e mais tarde para Portugal.

Em criança tinha algum ídolo?
Gostava do Ronaldo Fenómeno.
Não queria ser igual a ele,
porque isso é impossível, como
é impossível ser-se igual ao
Cristiano Ronaldo ou ao Messi,
mas podemos tentar aproximar-
nos desse nível. No Irão, quando
numa entrevista na televisão
me perguntaram qual era o meu
jogador favorito, eu disse que
não tinha. Quero ser o jogador
favorito dos outros, não quero ser
igual a ninguém. Sou diferente
de toda a gente, e acho que todas
as pessoas são diferentes. Só
tenho de ser o Mehdi Taremi.
Admiro outros jogadores,
mas quero ser eu próprio.

Quando é que percebeu
que podia ter uma carreira
relevante no futebol?
É difícil dizer. Tentei sempre fazer
o meu melhor. Eu penso sempre:
se trabalhares muito, conseguirás
tudo o que queres. Nunca se sabe
o que vai acontecer no futuro,
mas eu tenho ambição. Agora a
minha ambição é ganhar títulos.

A experiência no Qatar foi
importante por lhe permitir
ter contacto com jogadores
como o Wesley Sneijder?
O Sneijder é uma grande lenda.
Quando o vi pensei que tinha
de aprender com ele. E é assim

“QUERO SER O JOGADOR


FAVORITO DOS OUTROS”

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