Dragões - 202102

(PepeLegal) #1

REVISTA DRAGÕES FEVEREIRO 2021


que ficou


O REMATE


LONGO


CURTO


Falar do percurso de António Sousa como jogador
do FC Porto é falar de golos, rasgos de génio e,
claro está, títulos. Em 22 anos de uma longa carreira,
vestiu durante oito a camisola azul e branca e com
ela viveu as maiores alegrias enquanto profissional.

TEXTO: BRUNO LEITE


*Texto revisto e originalmente publicado na rubrica “O Golo
da Minha Vida” da edição de janeiro de 2015 da DRAGÕES

M


édio de inteligência
incomum e
técnica refinada,
possuía a alma de
um autêntico avançado. Em mais
de 300 jogos, apontou 78 golos,
cotando-se como um dos melhores
e mais concretizadores médios
da história do FC Porto, clube no
qual somou nove títulos: uma Taça
dos Campeões Europeus, uma
Supertaça Europeia, uma Taça
Intercontinental, um Campeonato
Nacional, duas Taças de Portugal
e três Supertaças de Portugal.
Entre uma considerável dose
de alegrias, sentiu a tristeza de
uma derrota como a de Basileia,
frente à Juventus, na final da
extinta Taça das Taças, a 16 de
Maio de 1984. Foi do médio
o golo portista na primeira
grande aparição internacional.
Insuficiente, contudo, para
derrotar uma formação italiana
a reboque de uma arbitragem
tendenciosa. Esse é o remate de
eleição para António Sousa.
A DRAGÕES desafiou-o a eleger
o melhor, o mais inesquecível
ou o mais emblemático golo
entre os 78 que festejou com a
camisola azul e branca, e António
Sousa elegeu precisamente o de
Basileia, num remate rasteiro,
forte e traiçoeiro, que ainda assim
não chegou para os portistas
erguerem a Taça das Taças.
“Foi um golo que teve uma
visibilidade muito grande, por ser
numa final, e acredito que chegou
aos quatro cantos do mundo.
Apesar de não ter sido suficiente
para ganharmos, foi um golo
que aconteceu num momento
importante, não só para mim, mas
também para o clube. Fiz outros
grandes golos com a camisola do
FC Porto, mas creio que este, à

Juventus, pelas circunstâncias,
teve outro encanto”, explicou
António Sousa, que também não
escondeu a ligação sentimental
que mantém com o clube depois
de visitar o Museu do FC Porto.
“O FC Porto desperta-me todas
as sensações e mais algumas.
Ainda tremo quando visito
as instalações do clube, são
momentos que me fazem viajar
no tempo, que me fazem reviver
situações que me marcaram. É
uma alegria e um orgulho fazer
parte desta história”, garantiu.
A capacidade concretizadora
de António Sousa continuaria a
revelar-se nas épocas seguintes à
final de Basileia. A 13 de Janeiro de
1988, na segunda mão da edição
relativa à época de 1986/87, saiu

“Foi um golo que teve uma visibilidade
muito grande, por ser numa final, e
acredito que chegou aos quatro cantos do
mundo. Apesar de não ter sido suficiente
para ganharmos, foi um golo que
aconteceu num momento importante, não
só para mim, mas também para o clube.”

do pé direito do médio o pontapé
que confirmou a conquista da
Supertaça Europeia. Na primeira
mão, foi o “diabólico” Rui Barros a
silenciar Amesterdão. Antes disso,
a 27 de Maio de 1987, em Viena,
ergueu a Taça dos Campeões
Europeus e cumpriu os 90
minutos na reviravolta frente ao
Bayern Munique (2-1), longe de
imaginar que, meses mais tarde,
a 13 de Dezembro, estaria a
festejar a conquista da Taça
Intercontinental diante
do Peñarol (2-1), no
nevão de Tóquio.
A linhagem Sousa, iniciada por
António, já viu o filho Ricardo
vestir a camisola portista e
também o neto Afonso, hoje
jogador do Belenenses SAD.
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