Jorge Nuno Pinto da Costa
As últimas semanas não têm sido
positivas para o futebol português. Nos
jogos do FC Porto, uma série de decisões
disciplinares difíceis de compreender
tem tido duas consequências graves:
por um lado, os nossos jogadores
são constantemente penalizados por
faltas duras, muitas vezes colocando
em causa a sua integridade física, que
não são devidamente sancionadas
com cartões amarelos e vermelhos (às
vezes, nem falta é assinalada!); por
outro, aos nossos atletas é aplicado um
critério muito mais apertado, que já nos
tem deixado a jogar com dez durante
bastante tempo em jogos importantes.
Há dados esclarecedores. Em 2020/21,
já houve quatro jogadores do FC Porto
expulsos em encontros do campeonato,
enquanto os nossos adversários não
levam um cartão vermelho desde a
primeira jornada. Qualquer pessoa séria
que veja os nossos jogos sabe que nem
uma coisa nem a outra são normais.
Um dos efeitos mais perversos
destas atuações disciplinares tem sido
uma espécie de legitimação do jogo
duro dos nossos oponentes. Tem-no
sentido bem no corpo um atleta como
o Corona, indiscutivelmente um dos
mais talentosos do campeonato, mas
também outros, como o Marega e o
Taremi, parecem ter-se tornado alvos
fáceis da agressividade – às vezes da
violência – de quem os enfrenta. Mesmo
não fazendo qualquer juízo de intenção
sobre os árbitros, não posso deixar de
associar várias destas más decisões
a alguns dos resultados recentes que
não nos satisfazem. As expulsões
poupadas ao Pizzi, ao Nuno Tavares
e ao Vertonghen não influenciaram
o empate com o Benfica? O segundo
amarelo não mostrado ao Palhinha não
influenciou a derrota com o Sporting
para a Taça da Liga? O segundo amarelo
ou vermelho direto não exibidos ao
Calila não influenciaram o empate com
o Belenenses? E a expulsão do Corona
em Braga, depois de levar um amarelo
num lance em que foi pisado, não foi
decisiva para o empate? Tudo isto são
factos e perguntas. Não faço mais do
que apontar lances relevantes que
foram identificados como erros pela
generalidade dos críticos de arbitragem.
Podia continuar por mais algumas
páginas a enumerar perplexidades
NÃO NOS VERGAM
recentes, como a nomeação para um
jogo de um candidato ao título de um
árbitro altamente pressionado por
uma polémica da semana anterior
envolvendo outros dois candidatos.
Podia discorrer sobre o que se tem
passado nos jogos do FC Porto B,
que até parece não ser bem-vindo na
Segunda Liga. Podia até referir que
felizmente esta crónica não é dedicada
a uma tragédia, como a que esteve
prestes a envolver Nanu na sequência
de um lance que o nosso administrador
Vítor Baía explicou brilhantemente,
com a autoridade de quem é um dos
melhores guarda-redes da história
do futebol. Mas concluo com uma
mensagem simples: não nos vergam.
Ninguém verga as nossas equipas, os
nossos treinadores e os nossos adeptos.
Nunca desistiremos de lutar com todas
as nossas forças por aquilo que tanto
ambicionamos e tanto merecemos.