36 NATIONAL GEOGRAPHIC
m Julho deste ano, completam-se 50 anos
desde o dia em que os seres humanos
chegaram à Lua. Foi um dos momentos
mais impressionantes da história – não
apenas por ser a nossa primeira visita a
outro mundo nem por ter sido o corolário
de uma corrida épica entre duas
superpotências. As duas afirmações são
verdadeiras, mas incompletas. O jornalista
Walter Cronkite, “o homem mais credível
da América”, afirmou então que
quinhentos anos mais tarde ainda se consideraria a alunagem como “o
feito mais importante de todos os tempos”. ¶ O derradeiro significado,
porém, não foi o fim da corrida, nem sequer a concretização da meta
julgada inimaginável. ¶ Em rigor, este feito foi apenas o começo. ¶
O começo de uma nova era na percepção que a humanidade tinha dos
seus horizontes, dos locais que poderia explorar ou até habitar.
Principiando como espécie terrestre, alargámos o nosso domínio ao
planeta inteiro quando nos tornámos marítimos, conquistámos a
atmosfera acima da Terra quando o voo propulsionado nos tornou aéreos
e, agora, estávamos destinados a ser peregrinos num novo e amplo
domínio. Éramos espaciais e, à medida que este triunfo nos ajudava a
superar aquilo que o aclamado Isaac Asimov chamara “chauvinismo
planetário”, tornar-nos-íamos uma espécie extraplanetária. O termo
“terrestres” já não seria suficiente para nos descrever. ¶ Estas eram as
expectativas generalizadas, entre a euforia e o espanto, no dia 20 de Julho
de 1969, quando o módulo lunar Eagle, da Apollo 11, pousou na superfície
da Lua. A mais importante viagem começou com um único passo: um
pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade. ¶
O director da NASA, Thomas O. Paine, não tardaria a apontar o leme para
Marte, não apenas como um eventual objectivo, mas com um itinerário
pormenorizado publicado pela National Geographic. Partida prevista: 3 de
outubro de 1983. Tripulação de 12 elementos, distribuídos por uma nave
espacial com 75 metros de comprimento. Entrada na órbita de Marte: 9 de
Junho de 1984. Oito dias de exploração da superfície marciana. Regresso à
órbita terrestre: 25 de Maio de 1985. ¶ O próprio facto de termos chegado à
Lua exaltou, de certa forma, a raça humana, dando-nos confiança de que
iríamos avançar pelo espaço. “Em todos os lugares onde chegávamos,
diziam-nos: ‘Conseguimos!’ em vez de ‘Vocês, americanos, conseguiram’”,
afirmou o piloto do módulo da Apollo 11, Michael Collins. “Nós, a
humanidade, nós, a raça humana, nós, as pessoas, conseguimos.”
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