REVISTA DRAGÕES abril 2016
50 PINTURA NO MUSEU
“É A RETROSPETIVA DE UMA
CARREIRA BRILHANTE”
A exposição retrospetiva “32 Anos de Pintura”, de Maria Eugénia
Sardoeira Pinto, foi inaugurada a 2 de abril pelo presidente do FC
Porto. As obras da artista, viúva do histórico presidente da Mesa
da Assembleia Geral do clube, Fernando Sardoeira Pinto, estarão
patentes na Sala Multiusos do Museu FC Porto até 28 de abril e já
suscitaram os mais rasgados elogios de Jorge Nuno Pinto da Costa.
TEXTO: JOÃO QUEIROZ
S
ão 32 anos de carrei-
ra celebrados com 32
telas, pintadas a óleo,
aguarela e pastel, bem
conhecidos de Pinto
da Costa, que acompa-
nha “desde o início” a obra de Maria
Eugénia Sardoeira Pinto. “Para mim,
não tem segredos, porque conheço
os quadros todos. E acho que foi uma
belíssima ideia fazer-se a retrospe-
tiva de 32 anos de uma carreira bri-
lhante aqui, mesmo em frente ao
auditório que tem o nome do seu
marido. É o local próprio, que está ao
serviço da cultura, da arte, e é sem-
pre com muito prazer que vejo aqui
exposições deste género”, observou
o presidente do FC Porto.
Desafiado a destacar uma obra, Pinto
da Costa não teve dúvidas em esco-
lher “Casaco Vermelho”, um quadro a
óleo em que está retratado Fernando
Sardoeira Pinto no seu escritório, a
escrever, na sua pose inconfundível:
“Todos eles são bonitos, mas é evi-
dente que, pelo lado sentimental,
pelo carinho com que ela o pintou
e pelo que representa, aquele que
mais profundamente me toca é este,
em que está o doutor Sardoeira. Pa-
rece um retrato, tal é o realismo que
tem”.
Maria Eugénia Sardoeira Pinto não
escondeu o “orgulho enorme” em
poder expor pela primeira vez “nes-
ta belíssima galeria”, paredes meias
com o Auditório do Museu FC Por-
to batizado no ano passado com o
nome do homem com quem esteve
casada durante 54 anos - uma vida.
“Uma carreira tem muitas fases,
como a luz do dia. E nesta retrospe-
tiva quis mostrar os melhores dos
meus trabalhos, que remontam a
1979, tendo todos eles, naturalmente,
o meu eu”, explicou a pintora nasci-
da em Miramar, Vila Nova de Gaia,
que destaca, entre as obras expos-
tas, “Hortênsias”, um óleo pintado em
1983, um ano antes de se ter estreado
numa exposição coletiva que esteve
patente na Casa D. Hugo, no Porto.
Versatilidade é um dos traços que
define o perfil da artista, que pinta a
óleo, a pastel ou a aguarela: “Comecei
nas aguarelas, mas depois da apren-
dizagem que fiz através dos livros
dos grandes mestres da pintura por-
tuguesa, fui sempre incentivada para
fazer óleo, o rei das técnicas e aquela
de que eu, sem dúvida, mais gosto”,
assume a pintora “que não consegue
conceber a existência da vida des-
provida de beleza”, como escreveu
um dia Fernando Sardoeira Pinto.