“Sinceramente” lançou-o. Ouvimo-lo diariamente
na rádio, é presença frequente em programas de
televisão e proprietário do HotFive, bar de jazz & blues
na baixa do Porto, onde é possível encontrar alguns
dos mais carismáticos músicos da Invicta. Ensinado
pelo pai, aprendeu a tocar guitarra desde cedo,
ainda criança, quando percebeu que a música era
uma boa forma de conquistar namoradas. Sedutor,
irreverente, talentoso, Alberto Indio ganhou um
lugar no universo da música portuguesa e acredita
que “viver no Porto não traz mais dificuldades do
que viver em Lisboa”. “Quem for bom no que faz e
trabalhar para isso será reconhecido em qualquer
parte do mundo”, argumenta. Diz que nasceu com
a camisola azul e branca vestida, usou o número 10
e até foi capitão dos Dragões. Sim, porque antes de
ser Indio, Alberto foi campeão nacional de infantis.
Pelo FC Porto, obviamente.
“Se o Gomes
não jogava eu
quase chorava”
Teve desde cedo o sonho de ser
jogador de futebol?
Claro, nem tinha dúvidas! Mas o meu
sonho não era ser jogador, era ser jo-
gador do FC Porto. Quando tinha 8
anos cheguei a fazer cartões de visita
numa máquina que havia no Centro
Comercial Dallas no qual escrevi: Al-
berto - Estudante/Futebolista.
Como entrou o FC Porto na sua
vida?
Sou portista de nascença. Devo ter
nascido com a camisola do Porto
vestida! É uma sensação engraçada,
porque parece que já veio comigo.
Lembro-me de que o primeiro jogo
que fui ver ao Estádio das Antas, de
mão dada com o meu pai, foi um FC
Porto-Portimonense que ganhámos
por 1-0. Depois disso já não podia fal-
tar a um jogo em casa. Se o Gomes
não jogava por alguma razão, eu
quase chorava. Recordo a euforia
quando fomos campeões europeus,
quando conquistámos a Supertaça
Europeia, a Intercontinental... Isto
marca a vida de uma criança. Fui
uma criança feliz e devo-o muito ao
FC Porto.
Como se tornou atleta do FC Porto?
Joguei sete anos nas camadas jo-
vens do FC Porto, de 1988 a 1995, e
tudo começou num treino de cap-
tação no Campo da Constituição.
Fui com dois amigos. Eram uns 300
miúdos ao todo! O jogo que fizemos
ficou 3-0 e, por incrível que pareça,
marcámos um golo cada. Fomos os
três selecionados e viemos para
casa todos contentes, pois não fa-
zíamos mais nada lá na rua a não
ser jogar futebol. Jogávamos horas e
horas, na rua, no jardim, na garagem,
na escola... Onde desse para sacar a
bola da mochila já estava a valer. O
momento mais marcante para mim
foi ser campeão nacional de infantis
pelo meu clube. Nunca me esque-
cerei disso.
Sabemos que o nome “Indio” veio
do facto de no início da sua car-
reira musical usar cabelo muito
comprido, mas enquanto jogador
era conhecido como o “cabelo à
Gomes”.
O meu ídolo de criança era, de facto,
o Fernando Gomes. Como sempre
tive essa tendência de imitar os cor-
tes de cabelo dos meus ídolos, deixei
crescer o cabelo só atrás. Depois do
Gomes, o Roberto Baggio e, inevita-
velmente, o Maradona. Depois os
ídolos musicais, o Kurt Cobain e o
Axl Rose. E então o cabelo começou
a crescer com mais coerência e de
uma forma mais homogénea. Vá lá,
56 fanáticos
TEXTO: SUSANA CUNHA GUIMARÃES
REVISTA DRAGÕES abril 2016